Cientista no Instituto Goddar de Estudos Espaciais da Nasa, Alex Ruane está no Brasil para conferência na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Lívia Ximenes
Alex Ruane , pesquisador no Instituto Goddar de Estudos Espaciais da Nasa , afirma que entender como comunidades se adaptaram no passado às mudanças climáticas é ponto de apoio para estabelecer novas adequações. O cientista está no Brasil para conferência na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) , com o tema “Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar — Dos Modelos às Avaliações e Soluções” . Em entrevista à Agência FAPESP, Alex reforçou a importância da atuação de diferentes profissionais nos estudos sobre o clima
O cientista é associado ao Centro de Pesquisa de Sistemas Climáticos da Universidade de Columbia , em Nova York , e fez parte da produção do 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC AR6), da Organização das Nações Unidas (ONU) . Alex Ruane acredita que é necessário expandir as pesquisas para compreender a maneira como comunidades antigas se adaptaram às transformações extensas do clima . “Isso nos dá uma ideia de quais tipos de adaptações podemos planejar para regiões onde essas condições extremas serão novas nas próximas décadas”, explica.
Em relação a projeções sobre lugares que se podem se tornar inabitáveis, o pesquisador acredita que a previsão não pode ser feita com exatidão . Entretanto, Alex afirma que é possível discutir os custos crescentes capazes de levar à mudança de populações do local onde habitam.
“Os impactos climáticos são, por natureza, interdisciplinares. A razão pela qual nos importamos com condições climáticas como temperaturas extremas, chuvas intensas, tempestades severas, enchentes, secas, aumento do nível do mar ou derretimento do gelo é porque elas impulsionam respostas em nossos sistemas biológicos, em nossos sistemas tecnológicos e em nossos sistemas sociais”, declara o pesquisador. Alex considera a interdisciplinariedade necessária para compreender e combater grandes desafios climáticos, pois determinam “caminhos específicos para respostas aos impactos, em meio a riscos diversos.”
O cientista da Nasa confessa ficar motivado com o desejo por conhecimento sobre mudanças climáticas vindo de governos e líderes comunitários. “Com essas informações, os líderes são capacitados a evitar níveis elevados de emissões que levariam a mudanças climáticas ainda maiores, a se adaptar ao aquecimento e aos extremos que ocorrerão devido às emissões passadas e futuras e a se preparar para lidar com impactos que estão além da adaptação”, fala Alex. Ele ressalta a animação em observar progresso nos esforços para crescimento de condições favoráveis para implantação de mitigação e adaptação.
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão de Enderson Oliveira, editor de OLiberal.com)