Nova espécie de PEIXE-FACA (Poraquê amazônico) é identificado e foi considerado um gerador de bioletrecidade vivo mais forte com 860 volts e teve participação de pesquisador amapaense
As pesquisas que levaram a esta descoberta aconteceu em Unidades de Conservação do Amapá e contou com a participação do pesquisador amapaense Raimundo Nonato Mendes Junior e analista ambiental do ICMBio,, um dos principais conhecedores da espécie que estava sendo pesquisada, com trabalhos publicados e é referencia cientifica sobre o assunto.
Na semana passada alguns dos principais meios de comunicação mundial divulgaram uma importante descoberta para a ciência, publicada na Revista Nature de setembro (https://www.nature.com/articles/s41467-019-11690-z), que foi a descoberta de duas espécies novas de poraquês, a legendária enguia elétrica amazônica, derrubando a hipótese centenária que só havia uma única espécie de poraquê em toda a Amazônia.
Essa nova espécie de peixe elétrico da Amazônia produz um choque de 8 tomadas Um projeto científico que planeja descrever todos os peixes elétricos da América do Sul encontrou uma espécie que emite a maior voltagem já registrada por um animal, chegando a 860 volts. De quebra a pesquisa ainda descobriu que esse peixe típico da Amazônia, que se julgava ser apenas uma espécie, na verdade são três.
Trata-se do poraquê, descoberto há 250 anos e que é amplamente espalhado pela região. Isso levantou a suspeita dos cientistas, porque ele ocorre em ambientes muito distintos, o que sugeriria uma separação ecológica. Análises morfológicas e genéticas revelaram que são três espécies.
O trabalho, publicado na edição de terça-feira, 10/09, na revista Nature Communications, foi um esforço de mais de 20 pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos. Teve apoio da Fapesp, da Instituição Smithsonian e da National Geographic Society. A espécie Electrophorus electricus, descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus, agora nomeia apenas os animais que vivem no extremo norte da Amazônia, no chamado Escudo da Guiana, que abrange o norte de Amapá, Amazonas e Roraima, além de Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
A Electrophorus voltai ocupa áreas mais altas, com corredeiras e cachoeiras, do chamado Escudo Brasileiro, no sul do Pará e do Amazonas, Rondônia e norte de Mato Grosso. Já a Electrophorus varii foi encontrada na região mais baixa da bacia amazônica. A descarga de 860 volts foi medida em campo em um exemplar de E. voltai. Até então, o maior registro para esses animais era de 650 volts.
Segundo o zoólogo brasileiro David de Santana, do Museu Nacional de História Natural, da Instituição Smithsonian, dos Estados Unidos, que liderou o estudo, a alta voltagem é importante para defesa e predação.
As pesquisas que levaram a esta descoberta aconteceu em Unidades de Conservação do Amapá e contou com a participação do pesquisador amapaense e analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, Raimundo Nonato Mendes Júnior, como um dos principais conhecedores locais da espécie que estava sendo pesquisada.
A análise genética, anatômica e ecológica de poraquês provenientes de toda a Amazônia, incluindo da APA do Rio Curiaú e da Reserva Extrativista do Rio Cajari, Unidades de Conservação no Estado do Amapá, permitiu a detecção e a descrição de novas espécies de poraquês.
O trabalho de coleta de amostras nas Unidades de Conservação do Amapá tem sido feito desde 2014, culminando com a publicação dos resultados em agosto de 2019 na renomada revista científica Nature Communications.
EQUIPE INTERNACIONAL DE PESQUISADORES
Uma equipe internacional de cientistas capitaneada pelo brasileiro Dr. Carlos de Santana do National Museum of Natural History dos Estados Unidos, que apresenta entre seus membros o biólogo amapaense e analista ambiental do ICMBio do Amapá Nonato Mendes Júnior, que participou mais especificamente da descrição da espécie nova Electrophorus varii, que ocorre nas áreas de várzea da Amazônia, incluindo várias bacias do Estado do Amapá como rio Ajuruxi, rio Curiaú e rio Oiapoque. O mesmo é egresso da Universidade Federal do Amapá e tem estudado a biologia dos poraquês a mais de 10 anos, estudo que resultou em reprodução dos poraquês na APA do Rio Curiaú em revista científica internacional.
Raimundo Nonato Gomes Mendes Júnior atualmente trabalha no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nonato faz pesquisas em Ecologia, Limnologia e Zoologia. Seu projeto atual é "Diversidade, Diversificação e História Evolutiva da Enguia Elétrica". e "Diversidade e Evolução de Gymnotiformes".
O pesquisador amapaense e renomado especialista das espécies de enguias amazônicas, analisa que a avaliação dos padrões de crescimento e estratégias reprodutivas das espécies de peixes é de vital importância para o entendimento de sua biologia e o manejo dos estoques.
Existe apenas uma espécie de enguia elétrica?
Durante dois séculos e meio desde a sua descrição por Linnaeus, o Electrophorus electricus cativou a humanidade por sua capacidade de gerar fortes descargas elétricas. Apesar da importância do Electrophorusem vários campos da ciência, a possibilidade de uma diversidade adicional de espécies no gênero, que também poderia revelar uma variedade oculta de substâncias e funções bioeletrogênicas, até agora não foi explorada. Aqui, com base em padrões esmagadores de dados genéticos, morfológicos e ecológicos, rejeitamos a hipótese de uma única espécie amplamente distribuída em toda a Grande Amazônia.
Nossas análises identificam prontamente três principais linhagens que divergiram durante o Mioceno e o Plioceno - duas das quais merecem reconhecimento como novas espécies. Para uma das novas espécies, registramos uma descarga de 860 V, bem acima de 650 V citada anteriormente pelo Electrophorus , tornando-o o mais forte gerador de bioeletricidade viva.
Qual a importância da descoberta?
Os poraquês têm fascinado a humanidade a mais de três séculos por serem animais que geram descargas elétricas capazes de matar grandes predadores como os jacarés, servindo como fonte de inspiração para grandes avanços tecnológicos como a primeira pilha criada por Alessandro Volta, medicamentos para doenças neurodegenerativas e mais recentemente o desenvolvimento de baterias totalmente compatíveis com tecido orgânico que permitirão o aprimoramento de aparelhos marcapasso por exemplo. Os poraquês são um mega-predador amazônico, atingindo mais de 2 metros de comprimento, entretanto até hoje só se conhecia uma única espécie de poraquê Electrophorus electricus desde a descrição de a mais de 250 anos pelo naturalista sueco Linnaeus. Quebrando esse paradigma centenário, nosso grupo de pesquisa mostrou que na verdade há pelo menos três espécies diferentes de poraquês, o que implica na possibilidade da descoberta de novas substâncias e características elétricas com importância para humanidade específicas de cada espécie.
A descoberta da diversidade críptica de um megapredador amazônico, especialmente em Unidades de Conservação e de uma espécie fonte de inovação tecnológicas, reforça a importância destes territórios protegidos para a conservação dos recursos naturais na região tropical com maior biodiversidade do mundo. A pesquisa foi financiada pela National Geographic Society, CNPQ, FAPESP-Smithsonian e ICMBio.
"Lembro-me da primeira vez em que fiquei chocado", disse Carlos David de Santana, um ictiologista do Museu Nacional de História Natural de Washington, DC, que se lembrou de ter caído na água e deixado cair seu equipamento. “ Eu estava com medo .” O Dr. de Santana sofreu vários ataques de alta tensão em seus anos estudando enguias elétricas, incluindo uma de quase 400 volts.
Ele é o principal autor de um estudo publicado terça-feira na Nature Communications, descrevendo a descoberta de uma nova espécie de enguia elétrica, Electrophorus voltai. Nomeado em homenagem a Alessandro Volta, o físico italiano que inventou a bateria, ele pode gerar um choque elétrico de até 860 volts, o mais forte de qualquer animal conhecido. No processo, os pesquisadores perceberam que, durante séculos, havia sido considerada uma única espécie de enguia elétrica, Electrophorus voltai, na verdade são três.
"É literalmente chocante quando você descobre uma nova diversidade em um peixe tão atraente, descrito pela primeira vez há 250 anos", disse o Dr. de Santana. Ele ficou apaixonado pelos peixes serpentinos de água doce durante os verões da infância na fazenda de seus avós, onde os observava enquanto passeava pelo rio Amazonas próximo.
A enguia elétrica há muito excita a imaginação popular. Mas sua biodiversidade foi amplamente subestimada, devido em parte à dificuldade de capturar e estudar a criatura, que pode crescer até um metro e meio de comprimento e 44 libras. (“Enguia” também é tecnicamente um nome impróprio; a variedade elétrica faz parte da família dos peixes-faca.)
A descoberta resultou de um esforço do Dr. de Santana e seus colegas , juntamente com uma rede mais ampla de pesquisadores, para criar uma árvore da vida dos peixes elétricos da América do Sul, que a equipe espera usar para estudar a história evolutiva da região. De 2014 a 2017, o grupo viajou para a região da Grande Amazônia - incluindo Brasil, Guiana Francesa, Guiana e Suriname - onde coletou 107 espécimes vivos de enguias elétricas , testou sua tensão e extraiu amostras de músculos para posterior análise genética.
A equipe então procurou diferenças morfológicas, genéticas e elétricas entre os espécimes. Luiz Antonio Wanderley Peixoto, autor do estudo e estagiário de pós-doutorado na Universidade de São Paulo, disse que foi a primeira vez que a tensão elétrica foi usada para diferenciar espécies animais.
A análise genética revelou que os espécimes representavam pelo menos três espécies distintas. Uma notável diferença física entre os três estava na forma de seus crânios. A cabeça de E. electricus se parece com a letra "u", enquanto a de E. voltai era mais ovular - uma cabeça de ovo.
A maior surpresa ocorreu quando os pesquisadores mediram a descarga elétrica de cada enguia - um processo delicado que envolveu a colocação de um eletrodo na cabeça e na cauda de cada animal. Eles mediram uma descarga de 860 volts de E. voltai; anteriormente, a descarga mais alta conhecida era de 650 volts, mais de cinco vezes a tensão de uma tomada de parede americana padrão. A amperagem é muito baixa para causar sérios danos aos seres humanos.
Para capturar e pesquisar espécimes do peixe-elétrico poraquê, o pesquisador Carlos David Santana precisou entrar em igarapés na Amazônia e, mesmo usando luvas de borracha, alguns choques foram inevitáveis. “Mas valeu a pena a pesquisa de cinco anos resultou na descoberta de duas novas espécies de peixe-elétrico – uma delas é capaz de dar uma descarga de até 860 volts ??