Estudo desenvolvido na Esalq (Escola Super de Agricultura Luiz de Queiroz) identifica resíduos da indústria alimentícia que podem ser reaproveitados como fonte de substâncias capazes de inibir a oxidação e a reprodução de micróbios nos alimentos industrializados. O projeto é financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com aproximadamente de R$ 300 mil para dois anos.
De acordo com o coordenador do estudo, o professor Severino Matias de Alencar, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, a iniciativa pode resultar em um novo nicho de trabalho para a indústria, já que o reaproveitamento dos resíduos seria economicamente viável. A matéria-prima é barata. São subprodutos como bagaços de frutas e outros materiais gerados na produção de alguns alimentos. A reutilização é positiva porque há resíduos lançados na natureza que são contaminantes. Outro beneficio é a substituição dos antioxidantes sintéticos, que têm indícios de prejuízos à saúde, por resíduos naturais. A Europa, por exemplo, já está banindo os antioxidantes sintéticos, explicou Alencar.
Ele informou que o estudo está na primeira fase, a de identificação dos resíduos mais promissores. São mais de 30, segundo o professor. Entre eles estão bagaço de uva, restos de poupa e sementes de goiaba, película de amendoim. A segunda etapa será o estudo da composição química dos subprodutos. A última fase prevê a aplicação dos resíduos na produção de alimentos. Deve ocorrer em três ou quatro anos, afirmou.
O professor acrescentou que o momento de crise e a demanda cada vez maior por alimentos justificam o projeto. Porque a idéia é aproveitar ao máximo os resíduos e contribuir para a produção de alimentos mais saudáveis, destacou. O estudo envolve cerca de 20 pessoas. Além de Alencar, conta com participação de mais cinco docentes da Esalq, um da FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba) e alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado da Esalq.