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Gazeta Mercantil

PESQUISA - Usuário de automóvel tem dificuldade para mudar comportamento (1 notícias)

Publicado em 06 de abril de 2004

Um estudo do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica (Poli) da USP, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou que os usuários de automóvel da capital paulista têm dificuldades para mudar seus comportamentos e só deixariam de usar o veículo se sofressem pressões econômicas, como pedágio urbano ou multas. Além disso, 58,5% das pessoas que circulam sozinhas em seus carros não se consideram responsáveis pela poluição do ar da cidade. Apenas 29% dos entrevistados assumiram que os carros poluem, e 12.5% não se posicionaram. A pesquisa avaliou o comportamento de 176 usuários de carros da cidade de São Paulo. O objetivo era identificar os fatores comportamentais dos usuários de automóveis que ajudariam na elaboração de políticas públicas que reduzam a demanda por transporte individual. O pesquisador Luis Alberto Noriega Vera chegou à conclusão de que o usuário de automóvel avalia que o transporte coletivo não serve para suas necessidades. Estratégias "Dificilmente, as pessoas abririam mão do veículo, pois elas acreditam ter mais conforto e rapidez, mesmo que isso implique em demora para chegar ao destino por causa dos congestionamentos diários. A alternativa seria um meio de transporte que estivesse entre o carro e o metro", comenta. Os entrevistados expuseram na pesquisa suas estratégias para driblar congestionamentos. A mais comum é aquela que o mantém no automóvel com ar condicionado e rádio, procurando conforto e não necessariamente economia de tempo na viagem. Apenas como segunda alternativa foi cogitada a hipótese de uso do metro e. em terceiro lugar, foi mencionada a possibilidade de alterar os horários de saída de casa para o trabalho ou escola. Noriega verificou ainda que a consciência ambiental dos entrevistados, em geral, não se aplica para a questão do transporte e, por isso, não é suficiente para provocar a mu-' dança de comportamento. "É preciso criar políticas mais abrangentes e não tão pontuais como o rodízio de veículos. As pessoas tendem a desrespeitar políticas que restrinjam a sua liberdade. Também não bastam campanhas educativas isoladas para resolver a; questão. Tudo indica que as pessoas mudam seu comportamento no curto prazo quando são adotadas medidas de caráter econômico, como as multas ou o pedágio urbano. O dinheiro captado poderia ser usado para criar alternativas de transporte mais atrativas para o usuário de automóvel. Esse tipo de política, em conjunto com campanhas educativas, possibilitariam a mudança de comportamento no médio ou longo prazos", conclui.