Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram que o vírus SARS-CoV-2 pode permanecer nos espermatozoides de pacientes até 90 dias após a alta hospitalar e até 110 dias após a infecção inicial. Isso pode afetar a qualidade do sêmen e levanta a necessidade de um período de “quarentena” para quem pretende ter filhos.
O estudo, financiado pela FAPESP, analisou amostras de sêmen de 13 pacientes recuperados de Covid-19, observando a presença do vírus e desarranjos ultraestruturais nos espermatozoides. Embora todos tenham testado negativo para o SARS-CoV-2 no teste de PCR do sêmen, o vírus foi identificado em espermatozoides de 72,7% dos pacientes com doença moderada a grave até 90 dias após a alta hospitalar.
Além disso, os espermatozoides produziram “armadilhas extracelulares” para neutralizar o vírus, uma função até então não reconhecida, que sugere uma nova abordagem na compreensão da resposta imunológica dos gametas masculinos.
Os pesquisadores recomendam que homens adiem a concepção natural e a utilização de técnicas de reprodução assistida por pelo menos seis meses após a infecção por Covid-19, mesmo em casos leves, para evitar possíveis complicações na fertilidade e na saúde reprodutiva.
Essas descobertas têm implicações significativas para a prática médica, especialmente em relação às técnicas de reprodução assistida, e destacam a importância de uma abordagem cuidadosa e precaucionária diante dos efeitos da infecção por Covid-19 na saúde reprodutiva masculina.