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Pesquisa sobre nanopesticidas na Unesp de Sorocaba (1 notícias)

Publicado em 09 de fevereiro de 2015

Dia 4 de fevereiro ocorreu, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PGCA) da Unesp de Sorocaba, a defesa de dissertação de mestrado do aluno Jhones Luiz de Oliveira, com o tema "Preparo e Caracterização de Nanopartículas Lipídicas Sólidas como sistema carreador conjunto para os herbicidas atrazina e simazina visando futuras aplicações em agricultura". O aluno foi bolsista da Fapesp e seu projeto contou com apoio financeiro da Fapesp, CNPq e Fundunesp.

A comissão avaliadora do trabalho foi formada pelos professores: Dr. Leonardo Fernandes Fraceto (Unesp - Campus Sorocaba - orientador); Dr. Halley Caixeita (Universidade Estadual de Londrina - Paraná) e o Dr. Gerson Araújo de Medeiros (Unesp - Campus Sorocaba).

Resumo do trabalho

Atrazina e simazina são herbicidas triazínicos amplamente utilizados em plantações de cana-de-açúcar e milho. Devido aos problemas ambientais e à saúde humana, causado pelo uso excessivo destes herbicidas, torna-se importante o desenvolvimento de novas formulações como alternativas menos impactantes. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um sistema de liberação modificada, baseado em nanopartículas lipídicas sólidas, para encapsulação conjunta dos herbicidas atrazina e simazina.

Na primeira etapa do trabalho as nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) a base de tripalmitina, contendo os herbicidas atrazina e simazina foram preparadas através do método de evaporação-difusão do solvente. As SLN foram caracterizadas quanto a suas propriedades físico-químicas (diâmetro, polidispersão, potencial zeta e pH), eficiência de encapsulação, interação dos herbicidas a partícula e seus componentes, concentração, morfologia e perfil de cinética de liberação. As SLN mostraram-se eficazes para a encapsulação dos herbicidas, atingindo uma eficiência de encapsualação de 90% para atrazina e 98% para simazina.

As SLN apresentaram diâmetro hidrodinâmico compreendido entre 255 nm e 300 nm, índice de polidispersão abaixo de 0,2 e potencial zeta de aproximadamente -17 mV. Em função do tempo (120 dias), todas as formulações mantiveram-se praticamente estáveis, sendo que a SLN contendo apenas  simazina apresentou melhor estabilidade físico-química. Os ensaios de cinética de liberação mostraram que as nanopartículas lipídicas sólidas modificaram o perfil de liberação dos herbicidas, retardando a sua liberação.

Através dos dados de fluxo aparente, constatou-se que a organização dos herbicidas dentro das partículas ocorre de forma diferente para a encapsulação conjunta e separada. Através da aplicação do modelo matemático de Korsmeyer-Peppas observou-se que o processo de liberação é governado pelo transporte anômalo. Na segunda parte do trabalho, avaliou-se a citotoxicidade e atividade biológica destas formulações.

Para os ensaios com organismo não-alvo Zea mays (milho), todas as formulações não apresentaram efeitos fitotóxicos quando comparadas ao controle. Nos ensaios com organismo alvo Raphanus raphanistrum (nabo), em concentrações diluídas, as SLN contendo ambos herbicidas mostraram-se mais eficazes que a formulação comercial para o tratamento pré-emergente.

Já no tratamento pós-emergente foi observada a mesma efetividade para ambas formulações. A citotoxicidade dos herbicidas foi reduzida quando estes foram encapsulados nas SLN. Portanto, estes resultados  abrem novas perspectivas para o uso de sistemas de liberação modificada de herbicidas, os quais apresentam um meio mais sustentável para o controle de ervas daninhas na agricultura, pois reduzem a quantidade de herbicida diminuindo os riscos ao meio ambiente e consequente à saúde humana.

PGCA/Unesp/Sorocaba