Notícia

Jornal Folha da Terra (Itupeva, SP) online

Pesquisa sobre agravamento da COVID-19 nos pulmões abre caminho para tratamento (128 notícias)

Publicado em 27 de abril de 2022

ND1 Garanhuns Notícias Novo Cantu Notícias Consecti - Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I CABN - Central Afap Brasil de Notícias Agora ES Garça em Foco Oeste 360 Portal de Notícias Virou Manchete Alagoas Agora online Giro Notícias Goiás Portal Antenados Conexão Na Cidade Oeste Ao Vivo Folha da Minha Sampa Informativo Astral Notícias da Sua Cidade Relato News Diário D4 Notícias Jeremoabo.com.br Alvo Notícias Mix Vale São Carlos Agora O Repórter Regional online Penha News Jornal A Voz do Povo online (Uberlândia, MG) A Notícia Digital TaubatéOn TV Interbam Mirante da Bocaina Guia Viver Bem Papo de Imprensa Difusão Brasil Jornal Integração Roraima na Rede Planeta online Jornal Primeira Página online Notícias do Mundo Ata News Blog Jornal da Mulher Revista Sustinere online Jornal Sete Revista CBTUR VIP online Tribuna Paulista Portal da Cidade (Registro, SP) Portal NA - Nécessaire Affaires Região Noroeste Play Crazy Game Notícias do Mundo Oficial News Tribuna de São Paulo O Progresso (Dourados, MS) online VNExplorer Panorâmica News Portal Prudentino Política No Ar - MT Gazeta de Rio Preto online Portal Euclidense Cabreúva Online Tudo é Política Cotia 24 horas TV Caparaó Saúde Brasília Diário de Notícias Web Verguia Notícias do Brasil Grupo Bom dia Rádio Cidadã FM Mustach Africas Clara Destaque Destaque Jornal Dipu - Diário Popular (São Paulo, SP) CV Agora Jornal Tabloide online (Cotia, SP) Transmitindo 2A+ Farma Saense Barretos News Canaltech NewsLab online Guarulhos Hoje online IBI - Inteligência Brasil Imprensa Portal de Notícias GNC News Jundiaí Online Portal Paripiranguense Notícia Diária Jornal MT Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo Viva Pariquera Itapevi online Jornal Opção (Goiânia, GO) online Carlos Sabino Quarteto Rádio Web Tropical FM 99 Peabiru.net Rondônia On

Cientistas brasileiros mostram que a infecção leva a uma ‘tempestade’ de enzimas no pulmão, que danifica o órgão e pode deixar sequelas

Pesquisadores brasileiros descobriram um mecanismo ligado ao agravamento da COVID-19 nos pulmões, abrindo uma nova possibilidade para tratamento. Estudo publicado na revista científica Biomolecules mostrou, pela primeira vez, que a atividade enzimática e a expressão de dois tipos de metaloproteinase, MMP-2 e MMP-8, aumentaram significativamente nos pulmões de pacientes graves infectados pelo SARS-CoV-2.

Essa espécie de “tempestade” de enzimas ajuda no processo de inflamação exacerbada do pulmão, que acaba alterando as funções do órgão. Normalmente, as metaloproteinases (grupo de enzimas que participam do processo de degradação de proteínas) são importantes na cicatrização e no remodelamento do tecido, mas, com a produção excessiva, é como se elas atuassem para lesionar o pulmão.

Outros estudos já haviam comprovado que a resposta hiperinflamatória à COVID-19 é caracterizada pela “tempestade” de citocinas, levando à síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Agora, o grupo de cientistas desvendou um mecanismo de desregulação das metaloproteinases, que pode estar associado à formação de fibrose no órgão, deixando sequelas nos pacientes.

Foram analisadas amostras de líquido aspirado traqueal de 39 pessoas internadas com casos graves de COVID-19, intubadas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) da Santa Casa e do Hospital São Paulo, ambos em Ribeirão Preto, entre junho de 2020 e janeiro de 2021. Também foram incluídos 13 voluntários críticos hospitalizados, mas por diferentes condições clínicas, para o grupo de controle, além de dados de proteoma de biópsias pulmonares de indivíduos falecidos em decorrência da doença.

“Descobrimos que as metaloproteinases agem por dois mecanismos no pulmão: por injúria tecidual e ao modular a imunossupressão por meio da liberação de mediadores inflamatórios existentes na membrana das células, como o sHLA-G, um importante mediador de resposta imune”, explica à Agência FAPESP Carlos Arterio Sorgi, professor do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), e um dos autores correspondentes do estudo.

A injúria é causada quando o tecido detecta um estímulo nocivo externo ou um corpo estranho. Nessas circunstâncias ocorre uma inflamação e, durante esse processo, o cenário se modifica com o surgimento de células de defesa produzindo mediadores que levam a um estresse oxidativo descontrolado.

No campus da USP em Ribeirão Preto, Sorgi é um dos coordenadores do consórcio de pesquisa ImunoCovid, uma coalizão multidisciplinar de 11 pesquisadores da USP e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que trabalham em colaboração, compartilhando dados e amostras.

O consórcio, apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), é liderado por Lúcia Helena Faccioli, professora da FCLRP-USP que também assina o artigo. O trabalho recebeu financiamento por meio de seis projetos (20/05207-614/07125-620/08534-820/05270-014/23946-021/04590-3).

Além disso, o grupo contou com a participação da professora Raquel Fernanda Gerlach, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, especialista em metaloproteinases que divide a correspondência do artigo. “O consórcio buscou essa parceria para conseguir responder às perguntas mais complexas que apareceram neste caso”, conta Sorgi.

Resultados

Ao analisar as amostras, os pesquisadores detectaram que as taxas de MMP-2 e MMP-8 foram significativamente maiores no líquido aspirado traqueal de pacientes com COVID-19 em comparação aos não contaminados por SARS-CoV-2. Além disso, os indivíduos que morreram tinham um nível maior dessas enzimas ativas do que os que sobreviveram.

Durante a ação das metaloproteinases no pulmão são liberadas moléculas do sistema imune das membranas das células, entre elas sHLA-G e sTREM-1, responsáveis por causar imunossupressão no órgão. Ou seja, em vez de estimular a imunidade antiviral, o vírus acaba não enfrentando resistência do organismo.

Na pesquisa, os dados demonstraram que os níveis de sHLA-G e sTREM-1 eram elevados em pacientes com COVID-19 e, após uma série de testes, ficou demonstrado que a MMP-2 estava envolvida na liberação de sHLA-G.

Em 2020, outro estudo do consórcio ImunoCovid havia apontado que o acompanhamento das taxas da proteína sTREM-1 no plasma, a partir dos primeiros sintomas, serviria como uma ferramenta importante para auxiliar na tomada de decisão das equipes de saúde e como um preditor de evolução e desfecho da COVID-19 (leia mais em: agencia.fapesp.br/34265/).

De acordo com os resultados publicados na Biomolecules, pacientes com a doença também apresentaram aumento na contagem de neutrófilos (um tipo de leucócito responsável pela defesa do organismo, capaz de produzir algumas metaloproteinases e espécies reativas de oxigênio) no pulmão.

Embora a base molecular da imunopatologia do SARS-CoV-2 ainda seja desconhecida, está estabelecido que a infecção pulmonar se associa à hiperinflamação e ao dano tecidual. As MMPs são componentes cruciais dos processos que levam à pneumonia e ao agravamento dos casos da COVID-19.

Até então, as metaloproteinases vinham sendo estudadas como biomarcadores para a doença, como foi o caso de artigo publicado no ano passado por outra equipe de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto na revista Biomedicine & Pharmacotherapy.

No trabalho divulgado agora, essas moléculas aparecem na patogênese do pulmão, como potencial alvo terapêutico. Segundo Sorgi, a ideia é seguir os trabalhos testando em modelos animais um inibidor de metaloproteinase associado a anti-inflamatórios para tentar reverter o quadro grave de COVID-19. Uma dessas drogas é a doxiciclina, antibiótico disponível no mercado brasileiro e atualmente usado para tratar doenças como febre tifoide e pneumonia.

“Vamos precisar começar do zero. A ideia é montar um novo projeto, incluindo parcerias com grupos internacionais, para trabalhar com o modelo animal e depois a aplicação clínica”, afirma o professor.

O artigo Matrix Metalloproteinases on Severe COVID-19 Lung Disease Pathogenesis: Cooperative Actions of MMP-8/MMP-2 Axis on Immune Response through HLA-G Shedding and Oxidative Stress pode ser lido em: www.mdpi.com/2218-273X/12/5/604/htm#.