Notícia

DF Agora

Pesquisa revela dois diferentes padrões de dano no pulmão de vítimas da COVID-19 (147 notícias)

Publicado em 28 de setembro de 2021

Garça em Foco Bomba Bomba Rádio Liberdade FM 87,9 Rádio Nova Onda FM 87,9 Rádio SAT Peruíbe SP Rádio Cidade Nova FM 104,9 ID News Beto Ribeiro Repórter Jornal Primeira Página online Notícias ao Minuto (Brasil) Rádio Cultura FM 101,7 Rádio Nova Aliança FM 105,9 Tem de Tudo News Pharma Innovation ManchetePB Atemporal Portal Morada Rede TVTEC Agora ES online Portal da Cidade (Registro, SP) Jornal A Voz do Povo online (Uberlândia, MG) O Repórter Regional online Oeste Ao Vivo Alvo Notícias Informativo Astral CVN Notícias Novo Cantu Notícias Relato News Mix Vale Giro Notícias Goiás Coluna Supinando Portal de Notícias Virou Manchete Diário em Foco Antenados Mirante da Bocaina São Carlos Agora Campo Belo em Foco Oeste 360 TV Interbam Conexão Na Cidade Penha News Alagoas Agora online Jornal da Orla online News Jampa Zatum Roraima 1 Repercute PB Agora PB Saense Blog do Márcio Rangel Roraima na Rede Diário de Votuporanga online Ata News Araraquara24horas Meio Norte online (Piauí) Portal da Enfermagem Plantão News (MT) Gazeta Web (PR) Planeta online Jornal da Ciência online Porto Alegre 24 Horas 71 Notícias Brumado Verdade Vitat Play Crazy Game Portal Correio Polêmica Paraíba Blog do Elias Hacker Paranashop 24 Brasil Quimiweb Bahia.ba InforBahia Folha de Itapetininga Painel Notícias Blog Jair Sampaio ClickCampos TV Futuro Pequi FM 87,5 Imbaú FM 87,9 TV & VC? Litoral de Fato Tribuna Centroeste Jornal Liberdade Informe Baiano Jornal Tabloide online (Cotia, SP) Estúdio Livre News Portal O Guardião A Cidade On (São Carlos, SP) Panorâmica News Andaiá FM Casa de Notícias GMundo News Noticias de Contagem online Blog O Cubo Revista Amazônia 2A+ Farma Rádio Jaraguar FM 94.5 RBR Notícias Rádio Costa Sul FM 99.3 Rádio Vale FM 102,3 (Bahia) PPTA Soluções e Tecnologia Roberto Crispim São Paulo FM Pauta Brasil CV Agora Mustach N5 Notícias Minuto Cidade Garanhuns Notícias Saúde em Tela TV Caparaó Agora TS SaúdeMS NewsLab online Cotia 24 horas
Por Karina Toledo | Agência FAPESP

Pesquisadores analisaram amostras pulmonares de 47 pessoas que morreram em decorrência da doença

A COVID-19 pode alterar o funcionamento de diferentes órgãos e por isso tem sido considerada uma doença sistêmica. E, mesmo quando se avalia apenas a pequena parcela de infectados que desenvolve insuficiência respiratória, é possível perceber que o SARS-CoV-2 afeta o pulmão de formas variadas.

Em estudo divulgado na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores analisaram amostras pulmonares de 47 pessoas que morreram em decorrência de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pelo novo coronavírus e identificaram dois padrões bem distintos de dano.

Cinco pacientes (10,6%) apresentaram o que os autores chamaram de “fenótipo fibrótico”, caracterizado pelo espessamento do septo alveolar – estrutura onde ocorrem as trocas gasosas. Ou seja, nesses indivíduos o tecido normal do pulmão lesionado pelo vírus foi substituído por tecido cicatricial (fibrose), o que dificultou a respiração. Em outros dez pacientes (21,2%), classificados como “fenótipo trombótico”, o tecido pulmonar estava praticamente normal. Porém, foi possível notar sinais de coágulos (trombos) em pequenos vasos. Há ainda um terceiro grupo no qual foram incluídos 32 pacientes (68,1%) que apresentaram os dois fenótipos simultaneamente.

A idade média dos pacientes incluídos no estudo foi de 67,8 anos, com proporção semelhante entre homens e mulheres. Todos eram portadores de doenças preexistentes, sendo as mais comuns hipertensão (55%) e obesidade (36%). No momento da admissão hospitalar, 66% apresentavam falta de ar. As complicações clínicas durante a internação incluem choque séptico (62%), falência renal aguda (51%) e síndrome do desconforto respiratório agudo (45%).

As amostras pulmonares foram obtidas por meio de autópsia minimamente invasiva e, depois, fixadas em formol e parafina. Os blocos foram então cortados em lâminas com espessura de 3 micrômetros (µm, o equivalente a um milionésimo de metro), que foram coradas e analisadas por microscopia e imuno-histoquímica (técnica que envolve o uso de anticorpos contra proteínas-alvo, por exemplo, o colágeno). O RNA do SARS-CoV-2 foi identificado em todas as amostras por meio de RT-PCR.

“Partimos de uma avaliação da morfologia do pulmão para, na sequência, estudar o histórico clínico e os exames radiológicos desses pacientes. E foi possível notar, após a análise estatística, que os dados se correlacionavam”, conta à Agência FAPESP o patologista Alexandre Fabro , professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e coordenador da pesquisa. O trabalho teve apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de três projetos ( 19/01517-3 , 19/19591-5 e 20/13370-4 ).

Padrão respiratório

No artigo, os autores relatam que, nos dias que antecederam o óbito, os pacientes com o fenótipo fibrótico sofreram um declínio progressivo no índice de oxigenação – medido pela relação entre pressão parcial de oxigênio arterial com a fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) –, além de perda da complacência pulmonar (capacidade do órgão de expandir e retrair durante a respiração) e aumento na produção de colágeno (um dos principais componentes do tecido fibrótico) no órgão.

Já nos pacientes do grupo trombótico foi relatada uma melhora nos padrões respiratórios nos dias anteriores à morte, bem como alto nível de complacência pulmonar durante todo o período de hospitalização. “Em alguns casos, o médico relatou que chegaram perto de ter alta e, logo em seguida, faleceram”, conta Fabro.

Por outro lado, os doentes desse segundo grupo apresentavam elevação no nível de plaquetas (células sanguíneas envolvidas na formação de coágulos) e na formação de trombos. Além disso, observou-se que, no momento da admissão hospitalar, eles tinham níveis mais alto de dímero-D – proteína considerada um marcador de trombose – do que a média dos pacientes analisados.

“Esses achados reforçam que, apesar de a infecção ser a mesma, a resposta ao vírus varia bastante, mesmo entre os casos graves. E isso pode ter implicação clínica. Esses achados sugerem que os pacientes de cada grupo necessitam de tratamentos diferenciados. No artigo, mostramos que a evolução dos parâmetros respiratórios [PaO2/FiO2] e o nível de dímero-D na admissão, por exemplo, podem ajudar os médicos a diferenciar esses fenótipos”, diz Fabro.

Segundo o pesquisador, o estudo retrata como começa o processo de fibrose pulmonar que tem deixado sequelas em muitos sobreviventes da COVID-19. “A questão científica atual é como tratar e como impedir que esse processo evolua e se torne permanente. Existem algumas medicações antifibróticas, mas ainda não foram testadas no contexto pós-COVID”, afirma.

O artigo COVID-19 Bimodal Clinical and Pathological Phenotypes pode ser lido em www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.09.03.21262841v1 .

Fonte: Secom do Estado de SP