Notícia

Folha Patense

Pesquisa revela como índios se alimentavam (4 notícias)

Publicado em 28 de dezembro de 2022

Essa notícia também repercutiu nos veículos:
Prefeitura de Sorocaba Jornal Z Norte online Cruzeiro do Sul online

Caracterizar a dieta alimentar dos grupos tupis-guaranis produtores de cerâmica que habitaram o interior do Estado de São Paulo a partir da análise dos esqueletos humanos preservados pelo Museu Histórico Sorocabano (MHS). Essa é a proposta de Mateus Lopes Teixeira, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP). Ele iniciou a pesquisa em janeiro de 2021, por meio de bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

As análises da pesquisa, intitulada “Dieta e subsistência entre os produtores de cerâmica Tupi-guarani de Sorocaba e região: uma abordagem bioarqueológica”, realizada sob a orientação do professor dr. André Menezes Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, serão realizadas, no total, durante quatro semestres, até abril de 2023, a partir do acervo de remanescentes esqueletais humanos de proveniência arqueológica, resultante do Projeto Gênese Sorocabana (PGS), que inclui material proveniente de 13 sítios arqueológicos da região, onde foram encontradas 27 urnas funerárias. Desde 2019, Mateus já fazia o levantamento sobre o acervo arqueológico junto ao MHS. A intenção dele é continuar com essa pesquisa em um doutorado.

“Os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas são vastos. Construíram as vasilhas cerâmicas que temos no MHS, mas também moldaram a paisagem das terras em que nos encontramos, a partir de técnicas de policultura agroflorestal e domínio ecológico do espaço e, sem eles, os conquistadores não teriam chance de entrar no interior do que seria o futuro Brasil”, explicou Mateus.

Para verificar os padrões dietéticos dos grupos produtores de cerâmicas tupis-guaranis pré-coloniais de Sorocaba e região estão sendo feitas análises das razões isotópicas de carbono e nitrogênio, a partir de amostras de colágeno extraídas de dentes e ossos dos esqueletos humanos e da frequência de lesões cariosas nos dentes.

Estudo utiliza análises isotópicas de carbono e nitrogênio de amostras de colágeno extraídas de dentes e ossos de 17 tupis-guaranis provenientes de 10 sítios arqueológicos da região - DIVULGAÇÃO / SECOM

Estudo utiliza análises isotópicas de carbono e nitrogênio de amostras de colágeno extraídas de dentes e ossos de 17 tupis-guaranis provenientes de 10 sítios arqueológicos da região (crédito: DIVULGAÇÃO / SECOM)

Foram identificados 17 indivíduos em dez dos 13 sítios arqueológicos. A partir do perfil bioantropológico, que inclui o diagnóstico de sexo biológico e idade de morte, foi possível constatar que 15 eram adultos, além de uma criança e um indivíduo com idade não identificada. Apenas quatro tiveram o sexo biológico identificado, sendo dois indivíduos masculinos e dois femininos.

Esse estudo possibilitará um avanço para futuras pesquisas bioarqueológicas com esses remanescentes humanos, além de contribuir para o quadro das pesquisas das populações pré-coloniais falantes de línguas tupis-guaranis do Estado de São Paulo e do Brasil, durante o Holoceno tardio -- época geológica mais recente que faz parte do Período Neogeno e se estende de 11.500 anos até hoje -- na América do Sul.

Acervo importante

Administrado pela Prefeitura de Sorocaba, o MHS é um dos poucos museus do sudoeste paulista que podem receber acervo arquelógico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo, que responde pela preservação do patrimônio cultural brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras.

“Sorocaba preserva um acervo histórico que é um registro muito rico e importante da nossa cultura e ter uma pesquisa, como a do Mateus, vinculada à USP, que é uma das 60 universidades mais importantes do mundo, em parceria com o nosso Museu Histórico Sorocabano, é muito satisfatório. A secretaria de Cultura está sempre de portas abertas à pesquisa cultural e científica em nossos museus”, destacou o secretário de Cultura, Luiz Antonio Zamuner.

O acervo do MHS conta toda a história do surgimento do município e dos seus moradores e personalidades, muitos com participação ativa na formação e desenvolvimento, não só de Sorocaba, como de todo o Brasil. O espaço possui peças, quadros, objetos de arte popular, material arqueológico histórico e pré-colonial, como urnas funerárias, cerâmicas, pedras lascadas, machados líticos, pontas de flecha, além de peças nem tão antigas, como máquinas registradoras, de datilografia, de costura, relógios e bustos, entre outras. (Da Redação, com Secom Sorocaba)