Notícia

O Santarritense Digital

Pesquisa revela acúmulo de lixo em águas profundas do Brasil (52 notícias)

Publicado em 01 de abril de 2024

Pesquisadores do Instituto Oceanográfico da USP identificaram pela primeira vez uma significativa presença de lixo em águas profundas ao longo da costa dos Estados de São Paulo e Santa Catarina.

O estudo, publicado no Marine Pollution Bulletin, revelou que a poluição se estende de 200 a 1.500 metros de profundidade, a aproximadamente 200 km da costa, conforme observações realizadas durante as expedições do projeto Deep-Ocean, financiado pela FAPESP.

O objetivo inicial do projeto era estudar a diversidade de peixes que ocorrem no mar profundo brasileiro. No entanto, os pesquisadores foram surpreendidos pela enorme quantidade de lixo coletado junto com os animais.

“Nas expedições, o foco eram os peixes de mar profundo, porém começou a vir muito lixo junto. Para mim, que estava na graduação, foi bem chocante. Então, nós decidimos triar o lixo que vinha junto ao invés de descartá-lo, separando por pontos de coleta”, conta a oceanógrafa Flávia Tiemi Masumoto, líder do projeto.

Dos 31 locais selecionados para a coleta nas regiões de Ilhabela e Florianópolis, em apenas três os peixes não vieram acompanhados de resíduos. Vale destacar que o lixo marinho encontrado no litoral paulista foi mais abundante do que em Santa Catarina.

“A rede trazia frequentemente embalagens de alimentos, sacolas plásticas, garrafas, latas e utensílios de pesca. Alguns desses resíduos eram materiais altamente tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente, como tintas para embarcações e latas de óleo para motor”, conta o repórter Ivan Conterno em reportagem publicada no Jornal da USP.

Separados pela composição, o plástico representou mais da metade da quantidade do que foi coletado e esteve presente em todos os locais pesquisados. Em seguida vieram os metais (14%), os têxteis (11%), o vidro (7%) e as tintas de embarcações (6%). Outros tipos de itens somaram 17%.

Supervisor do estudo, o professor Marcelo Roberto Souto explica que a origem do lixo pode ser tanto o descarte no continente quanto diretamente no local.

“Como alguns compostos mais densos afundam rapidamente, é provável que tenham sido descartados pela tripulação de embarcações ou de plataformas, mas existe também a possibilidade de que as correntes marinhas transportem objetos com menor densidade, como as sacolas e embalagens plásticas” opina Marcelo.

Fonte: www.reciclasampa.com.br