Notícia

Mogi News

Pesquisa quer ajudar a profissionalizar comunidade

Publicado em 10 novembro 2006

Criar novas formas de manejo sustentável do Parque das Neblinas e ajudar a profissionalizar pessoas que moram nas proximidades do local por meio do estudo e das novas descobertas sobre o palmito juçara (original da Mata Atlântica). Este é o objetivo de uma das pesquisas que está sendo desenvolvida por alunos da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). No geral, cinco grupos de pesquisadores da universidade, principalmente ligados à área biológica, já atuam no parque.
Segundo o gestor do Núcleo de Ciências Ambientais da UMC, Alexandre Hilsdorf, o primeiro trabalho dos alunos foi coletar cerca de 50 folhas e raízes de palmitos nativos, que existem no local. Depois, eles extraíram o DNA (molécula, que reproduz o código genético) das plantas. A segunda etapa da pesquisa será estudar o material genético de cada item coletado.
No futuro, a intenção é distribuir mudas nas pequenas propriedades próximas ao parque, criar formas de manejo mais sustentáveis — para evitar que as plantas desapareçam — e dar novos usos para o palmito, como utilizar sua polpa para produção de açaí, e até contribuir para que os palmiteiros (pessoas que trabalham com isso) obtenham certificações e deixem de atuar de forma clandestina: "Às vezes, a pesquisa científica, num primeiro momento, não dá uma resposta imediata. Não vai resolver o problema da pobreza, por exemplo, mas conhecendo melhor, você pode manejar melhor no futuro. Você pode saber se aquele material genético é mais adaptado àquela região, se ele cresce mais do que um material vindo de fora, por exemplo. Este é o principal ponto da formação de um aluno pela universidade".

Outras pesquisas
Segundo o gerente de projetos ambientais do Instituto Ecofuturo, Paulo Groke, no Parque das Neblinas, a UMC tem atualmente pesquisas nas áreas de fauna, flora e base genética. Alguns pesquisadores estudam a diversidade existente dentro do grupo de anfíbios, representado por sapos, rãs e pererecas.
Outro grupo estuda as formigas e já identificou 111 espécies do inseto, incluindo uma considerada inédita no mundo: "Isso atesta a riqueza biológica da área. Algumas espécies de formigas identificadas só existem em ambientes muito conservados. À medida que você avança com estes estudos, verifica se o manejo está correto ou se está faltando alguma coisa que deve ser incorporada, para que se possa trazer cada vez mais equilíbrio a este ambiente", disse o gerente de projetos ambientais. (D.R.)

Parceria entre UMC e o Instituto Ecofuturo
O que é:
A parceria vai garantir que os alunos da UMC desenvolvam trabalhos de pesquisa no Parque das Neblinas, que é uma reserva ambiental mantida pelo Instituto Ecofuturo. Se os trabalhos forem aprovados pelo Instituto, poderão ser financiados por ele. Se a verba não for suficiente, a entidade e a UMC irão buscar verbas junto a entidades de fomento do Estado de São Paulo e do País (como Fapesp e CNPq).

Quem será beneficiado:
Cerca de 300 estudantes da universidade, de qualquer curso, que tenham interesse em desenvolver trabalhos na área ambiental.
Verba anual do Ecofuturo para pesquisas:
R$ 80 mil

Instituto Ecofuturo
Organização não-governamental criada em 1999, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e mantida pela Suzano Papel e Celulose. A entidade desenvolve vários projetos sociais. Um deles é o Parque das Neblinas, uma reserva ambiental localizada na divisa entre Mogi e Bertioga, numa área de proteção ambiental dentro da Mata Atlântica.