Uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade de Campinas) irá permitir, em poucos anos, que cada domicílio seja capaz de produzir energia elétrica para seu próprio consumo até vender o excedente para as companhias de distribuição de energia elétrica.As experiências foram desenvolvidas pelo doutorando Marcelo Gradella Villalva, sob a orientação do professor Ernesto Ruppert Filho, ambos da FEEC (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação) da Unicamp, e conseguiram um grau de eficiência de 85% no equipamento.
Nos testes, os pesquisadores construíram uma usina de geração de energia solar e eólica ligada à rede elétrica da Unicamp em caráter demonstrativo. Para isso, tiveram que fabricar o primeiro conversor eletrônico trifásico do Brasil capaz de fazer a conexão de painéis solares, que são instalados nas unidades, no caso a Unicamp, à rede elétrica brasileira.
Com isso, além de utilizar a energia gerada pelos painéis solares e eólicos, o que hoje já é possível, a energia excedente à necessária para o consumo próprio pode ser transferida para a rede. A pesquisa conta com apoio da CPFL Paulista e a Hytrone Eudora Energia, de Campinas, além da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
EFICIÊNCIA
O protótipo do equipamento custou R$ 15 mil. De acordo com Ruppert, nunca outro conversor eletrônico similar desenvolvido no país por empresa ou instituto de pesquisa brasileiro foi testado com êxito numa instalação de paineis solares com capacidade de 7,5 kW. "Este conversor substituiu plenamente, durante o período de testes, os três conversores eletrônicos monofásicos", afirmou.
Diante dos resultados, o próximo passo é buscar parceiros interessados na industrialização do conversor, que poderia chegar ao mercado ao custo de R$ 10 mil. "Se compararmos o custo final de R$ 10 mil com o custo do conversor importado, isso significa uma redução de um terço. É realmente muito vantajoso nacionalizar essa tecnologia", assegurou.
Baixa tensão também conta com projeto
Em outra pesquisa da FEEC, realizada pelo engenheiro eletricista Jonas Rafael Gazoli, foi desenvolvido um microinversor monofásico para sistemas de produção de energia solar conectados à rede elétrica de baixa tensão.
Apesar do destino diferente, o equipamento também tem a função de converter eletricidade. Como uma placa solar produz cerca de 25 volts em corrente contínua, a função do microinversor é compatibilizar essa energia com a tensão de 127V ou 220V da corrente alternada da rede elétrica, padrões utilizados em casas. "Se o consumo da residência for inferior à produção, o excesso pode ser exportado para a concessionária local", afirma o pesquisador.