A análise foi feita a partir de amostras de pacientes do Rio, Minas, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Um grupo de pesquisadores brasileiros conseguiu sequenciar 19 genomas do novo coronavírus em tempo recorde: 48 horas. A análise foi feita a partir de amostras de pacientes do Rio, Minas, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Com o estudo, eles conseguiram confirmar a transmissão local do Sars-Cov-2, isso é, quando a contaminação ocorre entre pessoas do mesmo grupo, sem que tenham tido contato com viajantes. Segundo os pesquisadores, isso reforça a necessidade de isolamento social.
Segundo a pesquisa, foi comprovado geneticamente que o Sars-CoV-2 chegou ao país por meio de brasileiros que viajaram ao exterior. As amostras foram coletadas de pacientes atendidos pela UFRJ e pelos laboratórios Hermes Pardini e Símile de Belo Horizonte.
O sequenciamento foi feito no Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e teve apoio das agências de fomento à ciência Faperj, Fapemig, e também Ministério da Ciência e Tecnologia, e Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde).
Segundo Ana Tereza Ribeiro Vasconcelos, geneticista e coordenadora do Laboratório de Bioinformática no LNCC,
“Uma boa parte desses vírus são comunitários, estão circulando, porque são muito parecidos. Já estão aclimatados, não se assemelham tanto aos que entraram em nosso país. (…) A gente pode afirmar que essa transmissão está acontecendo de brasileiro para brasileiro, não só vindo de fora, por isso que o isolamento social é tão importante neste momento” – Ana Tereza Ribeiro Vasconcelos, geneticista
Maioria dos casos do Brasil têm elo com Itália
Uma outra pesquisa envolvendo brasileiros e publicada no Journal of Travel Medicine aponta que antes de ter a transmissão comunitária, 54,8% dos casos de Covid-19 no Brasil tiveram ligação com viajantes infectados na Itália, seguido por 9,3% da China e 8,3% da França.
O estudo foi feito por pesquisadores do Cadde e financiado pela agência de fomento à ciência de São Paulo, a Fapesp.
De acordo com a Fapesp, a diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT), Ester Sabino, também reafirma a necessidade de isolamento social para evitar a transmissão.
Ester foi a líder da pesquisa que fez o primeiro sequenciamento do genoma do coronavírus a partir dos dois casos iniciais confirmados de Covid-19 no Brasil.
“São Paulo e Rio de Janeiro, em menor proporção, serão os centros de distribuição do coronavírus para o Brasil. Por isso, é preciso restringir a saída de pessoas dessas localidades”, afirmou Ester à Fapesp.
Fonte: Ciência e Saúde – G1