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Pesquisa mapeia efeitos da pressão humana sobre espécies de mamíferos na América Latina (12 notícias)

Publicado em 20 de novembro de 2020

Caio Albuquerque | Jornalista da ESALQ

A perda média foi de 56% das espécies que se tinha nos locais avaliados quando comparado a época da chegada dos colonizadores europeus.

Desde o período do Descobrimento, quando europeus iniciaram o processo de colonização da América, cerca de 56% das espécies de mamíferos desapareceram. Esse é o resultado daquilo que se denomina defaunação, processo causado pela influência humana em territórios naturais.

O estudo, publicado recentemente na Nature Scientific Reports , compilou mais de 1.000 assembleias de mamíferos contemporâneos inventariadas na região neotropical, que compreende o México, a América Central e a América do Sul. “Quantificamos a extensão e a intensidade da defaunação em escala continental e compreender seus determinantes com base em covariáveis ambientais”, conta Juliano Bogoni, Pós-Doc no departamento de Ciências Florestais da ESALQ, autor do estudo, entrevistado do podcast Estação ESALQ ( ouça aqui ).

Entre os principais resultados, a pesquisa indica que as maiores perdas ocorreram entre os grandes mamíferos. “A defaunação e o esgotamento de espécies de grande porte foram causados principalmente pela pressão da caça e pela área de hábitat remanescente”, complementa Bogoni. Isso resultou em uma queda de 95% na média de massa corporal das espécies que compõe as assembleias no continente, que passaram a ter atualmente 4 kg. “Nossas descobertas podem informar as diretrizes para a concepção de políticas de conservação transnacionais para proteger vertebrados nativos e garantir que a síndrome do ‘ecossistema vazio’ seja impedida de atingir grande parte dos trópicos do novo mundo!, conclui.

Além de Juliano Bogoni, que atualmente desenvolve estudos na University of East Anglia , na Inglaterra, o estudo tem coautoria de Carlos Peres, da Universidade Federal da Paraíba e da professora Katia Ferraz, do Departamento de Ciências Florestais e coordenadora do Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre (LEMaC) da ESALQ.

O trabalho tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e parte dele pode ser acessada em clicando aqui .