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Correio do Estado (Campo Grande, MS) online

Pesquisa joga luz sobre dependência do cigarro (1 notícias)

Publicado em 01 de fevereiro de 2011

Em uma pesquisa que sugere um novo alvo para terapias contra o tabagismo, cientistas americanos identificaram uma via cerebral que regula a vulnerabilidade dos indivíduos às propriedades da nicotina que causam dependência.

A descoberta, feita por cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida (EUA), foi publicada pela revista Nature. O trabalho examinou os efeitos de uma parte de um receptor, uma proteína à qual se ligam determinadas moléculas sinalizadoras, que responde à nicotina no cérebro. Os cientistas também determinaram que a tendência ao tabagismo pode ser herdada: mais de 60% do risco de se tornar dependente da nicotina pode ser atribuído a fatores genéticos.

Em experiências com animais, os pesquisadores descobriram que os indivíduos com uma mutação genética que inibe essa subunidade do receptor consumiram muito mais nicotina que o normal. Esse efeito pode ser revertido com o aumento da expressão da mesma subunidade.

``Esses dados estabelecem um novo cenário para a compreensão das variáveis que motivam o consumo de nicotina e das vias cerebrais que regulam a vulnerabilidade à dependência do tabaco``, disse o coordenador do estudo, Paul Kenny.

O estudo se concentrou na subunidade alfa-5 do receptor de nicotina, em uma via do cérebro conhecida como trato habenulo-interpeduncular. A descoberta sugere que a nicotina ativa os receptores que contêm essa subunidade na habênula, desencadeando uma resposta que atua para diminuir o desejo de consumir mais a droga. ``Não era esperado que a habênula e as estruturas cerebrais nas quais ela se projeta tivessem um papel tão profundo no controle do desejo de consumir nicotina``, disse a pesquisadora Christie Fowler. Os resultados, de acordo com ela, podem explicar dados recentes que mostram como indivíduos com variação genética na subunidade alfa-5 do receptor nicotínico são muito mais vulneráveis à nicotina e mais propensos a desenvolver doenças associadas ao fumo.

As informações são da Agência Fapesp.

Parando de fumar

Outra pesquisa, feita na Universidade de Michigan (EUA) e publicada na revista Health Psychology, sugere que a atividade cerebral pode ajudar a avaliar a determinação de um fumante em largar o cigarro.

O estudo foi feito por meio de análises de tomografias de 28 fumantes que tentam abandonar o vício. As imagens registraram uma região do córtex vinculada às mudanças de comportamento enquanto os voluntários eram expostos a mensagens sobre deixar de fumar. O resultado foi que as pessoas cujo cérebro manifestava mais atividade durante a difusão das imagens estavam significativamente mais inclinadas a reduzir o fumo.