A Faculdade de Odontologia da Unesp de Araraquara precisa de 90 voluntários para desenvolver pesquisa que investigará a relação entre a doença periodontal (infecção da gengiva e dos tecidos de sustentação dos dentes), o diabetes e a dislipidemia (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ ou lipoproteínas no sangue).
De acordo com Alliny de Souza Bastos, aluna de pós-graduação em Periodontia, e sua orientadora, professora-doutora Silvana Regina Perez Orrico, a pesquisa é importante para que as classes médica e odontológica saibam de todas as possíveis complicações decorrentes do agravamento da doença periodontal.
"Os portadores de diabetes são mais suscetíveis aos efeitos, como sangramento e inflamação da gengiva, além de demorarem mais para reagir ao tratamento. Se não houver um controle, o foco de infecção pode dificultar muito o controle metabólico do próprio diabetes, gerando um ciclo vicioso de agravamento", explica Alliny.
Segundo ela, acompanhar 90 voluntários é necessário também para estabelecer se a dislipidemia agrava os sintomas da doença periodontal, especialmente naqueles que são portadores de diabetes com descompensação (níveis não controlados de glicemia e insulina).
Voluntários
Dos 90 voluntários necessários à pesquisa, 60 deverão ser portadores de diabetes. Os pacientes cientes devem ser homens ou mulheres de 35 a 60 anos e ter, 5 além de dislipidemia comprovada, no mínimo 15 dentes. Não podem ser fumantes nem usuários de dentadura; não podem tomar remédios para redução dos níveis de colesterol ou triglicérides e, no caso de mulheres, não podem estar grávidas nem tomando medicamentos que alteram a taxa de hormônios, como anticoncepcionais e remédios para reposição hormonal.
Segundo Silvana Orrico, os pacientes terão benefícios, pois não precisarão pagar pelos exames que devem ser realizados antes da inclusão na pesquisa para o tratamento periodontal. "Tudo é custeado pela Fapesp", ressalta. Ela cita como exemplos os exames dos níveis de glicemia, triglicérides e insulina. "As pessoas poderão ficar com os exames originais, o que é uma contrapartida importante, pois oferece .informações atualizadas sobre a situação de saúde", assinala.
Além de servirem como forma de comprovar o estado de saúde geral do paciente, os exames iniciais também poderão detectar se a pessoa é portadora da doença periodontal. Em caso negativo, ela poderá ser encaminhada para outros tipos de tratamento que se fizerem necessários. "Se for constata-, do que o paciente precisa de uma prótese, por exemplo, ele será devidamente encaminhado. Todos passam por uma triagem e ficam registrados no cadastro geral da faculdade. Ninguém fica sem tratamento", destaca Alliny.
Multidisciplinar
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa conta com trabalho multidisciplinar, realizado em conjunto com médicos, nutricionistas e outros pesquisadores de instituições como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Instituto Karolinska, de Estocolmo (Suécia).
Mais informações sobre como fazer parte da pesquisa podem ser obtidas com as pesquisadoras na Faculdade de Odontologia da Unesp (Rua Humaitá, 1.680 - 2° andar - Setor de Periodontia) ou pelos telefones 3301-6360e3301-6377.
A doença periodontal é considerada um problema de saúde pública mundial, sendo classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a segunda patologia bucal mais frequente no ser humano.
De acordo com ela Alliny Bastos, trata-se de uma enfermidade crônica de natureza infecciosa associada ao acúmulo de placa bacteriana na superfície dental.
Este acúmulo atua como agente irritativo da gengiva, desencadeando uma resposta inflamatório-imunológica no tecido gengival e podendo levar à destruição do tecido conjuntivo, envolvendo fibras colágenas e tecido ósseo de suporte dentário. A severidade e progressão da doença periodontal pode levar à perda de dentes e está diretamente relacionada à magnitude da resposta inflamatória do hospedeiro.