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Pesquisa indica que não há dose segura de agrotóxico (87 notícias)

Publicado em 04 de agosto de 2019

Uma análise de dez agrotóxicos de largo uso no País revela que os pesticidas são extremamente tóxicos ao meio ambiente e à vida em qualquer concentração - mesmo quando utilizados em dosagens equivalentes a até um trigésimo do recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Encomendado pelo Ministério da Saúde e realizado pelo Instituto Butantã, o estudo comprova que não existe dose mínima totalmente não letal para os defensivos usados na agricultura brasileira.

"Não existem quantidades seguras", diz a imunologista Mônica Lopes-Ferreira, diretora do Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada, responsável pela pesquisa. "Se (os agrotóxicos) não matam, causam anomalias. Nenhum peixe testado se manteve saudável." A pesquisa foi originalmente encomendada pelo Ministério da Saúde à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em gesto considerado corriqueiro entre institutos de pesquisa, a Fiocruz pediu ao Instituto Butantã que realizasse o estudo, uma vez que tinha mais expertise nesse tipo de trabalho.

No Butantã fica a Plataforma Zebrafish - que usa a metodologia considerada de referência mundial para testar toxinas presentes na água, com os peixes-zebra (Danio rerio). Eles são 70% similares geneticamente aos seres humanos, têm um ciclo de vida curto (fácil de acompanhar todos os estágios) e são transparentes (é possível ver o que acontece em todo o organismo do animal em tempo real). O laboratório pertence ao Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com o pedido do Ministério da Saúde, os cientistas testaram a toxicidade de dez pesticidas largamente utilizados no País. São eles: abamectina, acefato, alfacipermetrina, bendiocarb, carbofurano, diazinon, etofenprox, glifosato, malathion e piripoxifem. As substâncias são genéricas, usadas em diversas formulações comerciais.