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Gazeta Mercantil

PESQUISA GANHARÁ US$ 155 BILHÕES

Publicado em 03 julho 1996

Por WILLIAM DAWKINS - FINANCIAL TIMES
Tóquio - O governo japonês adotou ontem um grande plano que destina 17 trilhões de ienes (US$ 155 bilhões) às áreas de ciência e tecnologia nos próximos cinco anos, um considerável aumento dos gastos do governo com pesquisa básica. O programa tem como finalidade acabar com a fama que os japoneses têm de saber aperfeiçoar as idéias dos outros, mas de não saber inovar. O Departamento de Ciência e Tecnologia do governo acredita que o fraco desempenho do país na área de pesquisa constitui uma grave desvantagem em termos competitivos. "A tecnologia da nação se encontra atualmente na situação mais grave dos últimos anos", segundo o relatório. De acordo com o departamento, a principal deficiência da estrutura da P&D no Japão está na predominância, nos laboratórios de pesquisa do governo, de funcionários idosos, cujo cargo é vitalício. O respeito do país pelos funcionários mais antigos ainda é mais importante do que a promoção dos melhores cientistas jovens. A agência propõe uma reformulação do sistema de carreira na área de pesquisa, com a contratação de cientistas por prazo curto, durante a duração dos projetos, e permitindo que os pesquisadores que trabalham para o Estado tenham um segundo emprego no setor privado, uma prática comum no Ocidente. "A sociedade japonesa é muito conservadora, e isto é particularmente válido no que se refere a P&D. É muito importante mudar e melhorar as condições dos pesquisadores", disse Shizuo Hoshiba, funcionário de alto escalão do departamento e vice-diretor do plano. O programa faria com que os gastos com pesquisa financiados por verbas públicas chegassem aos níveis dos EUA e da Europa, de aproximadamente 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas as autoridades admitem que os gastos reais ficariam abaixo da meta porque o Ministério das Finanças, que pretende conter o déficit orçamentário, controla a verba anual para a pesquisa. Se a meta de financiamento for cumprida, o plano representará um aumento de 5,8% dos gastos nesta área em relação aos cinco anos anteriores. Ele propõe um aumento dos gastos de pouco mais de 12% ao ano até o ano 2000, chegando anualmente a 4,3 trilhões de ienes (US$ 38,9 bilhões). Isto dobraria o montante em relação aos gastos de 1992, quando o departamento elaborou o plano. Hoshiba disse que os desembolsos se destinarão principalmente ao treinamento, à cooperação entre projetos de pesquisa e à compra de equipamentos e computadores para os laboratórios de pesquisa do governo. Atualmente, 80% da verba de US$ 130 bilhões que o Japão gasta anualmente com ciência e tecnologia são despendidos pelo setor privado - destinando-se quase totalmente à pesquisa aplicada e não à pesquisa básica. Um esboço do plano foi adotado pela primeira vez pelo gabinete, há quatro anos, e desde então tem sido tema de violentos debates com o Ministério das Finanças. O ministério resistiu a fixar uma meta numérica para os gastos com pesquisa sem ter uma clara idéia do que os projetos acarretariam. Na época, a concordância do Ministério das Finanças foi conseguida mediante um compromisso, pelo qual o organismo tem o direito de fazer uma revisão anual dos gastos com a pesquisa, de acordo com as condições financeiras do governo.