Notícia

Gazeta Info (Limeira,SP)

Pesquisa examina trabalho infantil na produção de semijoias (3 notícias)

Publicado em 08 de dezembro de 2022

Essa notícia também repercutiu nos veículos:
Nexo Jornal eCycle

Trabalho infantil: pesquisa examina produção de semijoias em Limeira A professora Sandra Gemma, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicou uma pesquisa sobre o processo de produção de semijoias e bijuterias em Limeira, conhecida como a “ capital brasileira da joia folheada ”. “ Ao mesmo tempo que o setor gera ganhos econômicos e empregos para a cidade, ele é marcado por problemas sérios como o trabalho infantil, além de outras externalidades negativas como as de caráter ambiental ”, conta. Pesquisa examina trabalho infantil na produção de semijoias Pesquisadoras Marcia Cristina da Silva Vendramini e Andreia Silva da Mata aplicaram questionários em nove escolas de Limeira “ Muitos dos meus alunos não têm mais impressão digital porque começaram a trabalhar desde cedo na produção de semijoias. E isso é descoberto no momento da emissão do documento de identidade. ” O relato de uma professora da rede pública de Limeira foi suficiente para que Sandra Gemma, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), começasse a pesquisar o processo de produção de semijoias e bijuterias em Limeira, conhecida como a “ capital brasileira da joia folheada ”. “ Ao mesmo tempo que o setor gera ganhos econômicos e empregos para a cidade, ele é marcado por problemas sérios como o gita is por causa do uso de produtos químicos e do atrito dos dedos com as peças. ” Os estudos da especialista da Unicamp se estenderam por uma década, a partir de 2009, e renderam um livro lançado no ano passado. Em 2016, Gemma e as pesquisadoras Marcia Cristina da Silva Vendramini e Andreia Silva da Mata aplicaram questionários em nove escolas públicas de Limeira. Do total de 8 mil estudantes de a 18 anos matriculados nessas instituições de ensino, 741 obtiveram autorização dos responsáveis para responder à enquete. O levantamento constatou que 213 dos 569 participantes com idade entre 7e13anos, ou 37% deles, precisavam trabalhar nara aiudar fantil é naturalizado em nossa cultura e ainda hoje existe a crença de que ele seja benéfico para crianças e adolescentes, mas essa lógica parece valer apenas para os mais pobres ”, observa Palmeira Sobrinho, um dos criadores do Núcleo de Estudos sobre Trabalho Infantil (Netin) da UFRN. “ O trabalho infantil prejudica a saúde física e mental de crianças e adolescentes. Muitas vezes as consequências de atividade de trabalho precoce só vão aparecer mais tarde, na fase adulta ”, avalia o psicólogo Valdinei Santos de Aguiar Junior, autor de livro sobre o tema em parceria com o pediatra Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos, do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Di. versidade Cultural da Fiocruz. Segundo o pesquisador, à saúde pública pode contribui de forma significativa no com: bate à exploração do trabalhe infantil. “ O SUS[ Sistema Uni. co de Saúde] tem grande capilaridade e desse modo pote: cialmente consegue alcançai inclusive crianças que não es: tão na escola. Em alguns ca: sos, quando as crianças se ma: chu cam no trabalho, as familias mascaram a situação pa: ra evitar sanções. Os profissionais da saúde precisam esta atentos para acolher as crian: ças e suas famílias, garantindo a proteção necessária ”. As informações são da Revista Pesquisa Fapesp. trabalho infantil, além de outras externalidades negativas como as de caráter ambiental ”, conta Gemma. Crianças com menos de 14 anos são proibidas de trabalhar, segundo a legislação brasileira. A partir dessa idade podem atuar como aprendizes, desde que a função seja desenvolvida com supervisão, sem exposição a riscos e insalubridade e não atrapalhe seu desenvolvimento físico, psíquico ou intelectual. No caso de Limeira, há um elemento adicional: o trabalho em casa. “ Com a terceirização de alguns processos produtivos, as etapas de montagem, soldagem e cravação de peças, por exemplo, foram transferidas para as residências dos trabalhadores, em condições improvisadas ”, conta Gemma. “ As crianças acabam sendo incluídas na produção para aumentar a renda familiar e, entre outras consequências, perdem as di seus familiares- desses, 28% (ou 51 deles) estavam envolvidos na produção de semijoias e bijuterias. Outros faziam trabalhos de manicure, coleta de material reciclável ou atividades na construção civil “ As crianças relataram cumprir entre duas e mais de oito horas diárias de trabalho ”, prossegue Gemma. Um detalhe chamou a atenção das pesquisadoras: do total de 741 entrevistados, 235 estudantes responderam que irmãos menores de 14 anos trabalhavam dentro de casa. “ Isso indica que o número de crianças que exercem atividade laboral em idade não prevista em lei pode ser bem maior em Limeira ”, considera Gemma. Há evidências de trabalho infantil no Brasil desde a época da Colônia. No início do século XX, por exemplo, crianças e adolescentes ocupavam quase 40% da mão de obra fabril em São Paulo. “ O trabalho inVereador cobrou ações da Prefeitura de Limeira No mês passado, conforme a Gazeta divulgou, o vereador Dr. Júlio (União Brasil) cobrou da Prefeitura de Limeira a realização de ações de combate ao trabalho infantil no municipio. Em requerimento, o parlamentar chamou a atenção para o envolvimento de alunos da rede municipal de ensino, em especial no setor informal de semijoias, e questiona se existe um monitoramento e acompanhamento integrado destes estudantes. O parlamentar questionou se a Secretaria Municipal de Educação possui algum grupo de trabalho, em parceria com outros setores da Administração Pública, para identificar as crianças matriculadas na rede pública municipal de ensino que possam se encontrar em situação de trabalho infantil, a forma de abordagem e o acompanhamento dos casos. Solicitou ainda o número de casos encontrados, o tipo de atividade desempenhada e qual a assistência dada às famílias. A sugestão do vereador é que as escolas também auxiliem nesta luta. “ A atuação efetiva das escolas pode refletir em mudanças na própria rotina do trabalho infantil, que na maioria das vezes ocorre fora dos holofotes e de maneira informal nos lares mais carentes. Em paralelo, é possível que o Executivo dê o devido acompanhamento e amparo a estas famílias, que precisam de renda para a sua própria subsistência ”, declarou.