Rosemary Conceição dos Santos
De acordo com o divulgado pela Fapesp, uma publicação, reunindo trabalhos de 139 especialistas de diversas instituições de pesquisa, vinculada a um projeto sobre políticas públicas para bioenergia no Estado de São Paulo, ganhou o Prêmio Jabuti 2011, na categoria "Ciências Naturais", prêmio, este, reconhecido como o mais importante, nacionalmente, da área. O livro Bioetanol de Cana-de-açúcar - P&D para produtividade e sustentabilidade, organizado por Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Unicamp, identifica as necessidades e oportunidades de pesquisa e desenvolvimento na cadeia produtiva do etanol de cana-de-açúcar.
De modo similar, a obra Dois séculos de projetos no Estado de São Paulo - Grandes obras e urbanização, organizado por Nestor Goulart Reis Filho, professor da Universidade de São Paulo, também foi agraciado com o Prêmio Jabuti 2011, na categoria "Arquitetura e Urbanismo". Narrando a história do desenvolvimento de São Paulo, nos séculos 19 e 20, traz um estudo sobre o papel das grandes obras na formação do Estado de São Paulo, principalmente de seu sistema urbano, em cada uma das etapas de sua história. Nas palavras de Reis Filho, "é um história escrita com base em evidências materiais, e não documentos escritos. Historiadores, em geral, trabalham com documentos escritos e nós, da área de arquitetura e urbanismo, trabalhamos com espaço construído e, portanto, temos que trabalhar com evidências materiais. Nós lemos a história através do espaço urbano, do espaço arquitetônico". Já o prêmio Jabuti na categoria "Comunicação" contemplou, da pesquisadora Márcia Azevedo de Abreu, da Unicamp, a obra Impresso no Brasil - Dois séculos de livros brasileiros, coletânea de ensaios sobre o percurso da produção editorial brasileira, durante seus 200 anos de história O ambiente competitivo no qual instituições de pesquisa estão inseridas tem feito com que estas busquem, cada vez mais, elevar a qualidade dos materiais pesquisados, bem como, dos materiais produzidos a partir destes. Mudanças internacionais, investimentos em projetos alternativos para a praticidade da vida, entre outros, têm sido sinalizados como elementos de seletiva qualidade a serem seguidos.
Quem ganha com isso? A sociedade brasileira. Entretanto, é preciso que, em se tratando de obras indicadoras de alternativas sócio-econômicas, estas tenham a oportunidade de serem colocadas em prática. Ao fazê-lo, o primeiro passo para que o desenvolvimento saia do papel e eleve a qualidade da vida nacional estará sendo dado. Oportunidade de finalizar com incertezas, irreversibilidades e déficit de aprendizagem da classe trabalhadora, deve ser levada a sério caso o empresariado brasileiro se interesse por investimento em projetos reais para. o desenvolvimento. (Rosemary Conceição dos Santos é pós-doutora em Cognição, Leitura e Literatura pela USP)