Após três anos de estudos, pesquisadores do Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), do Instituto de Química (IQ) da Unesp, desenvolveram um método que determina o fator de proteção ultravioleta de produtos para tratamento de cabelos. A pesquisa, inédita, foi premiada como o melhor trabalho técnico-científico durante o 2l Congresso Brasileiro de Cosmetologia, realizado em São Paulo.
O método consiste na aplicação de raio laser por meio de equipamentos avançados sobre um aminoácido presente no cabelo, o triptofano - substância que se ilumina na presença da luz. Esta característica permitiu, segundo Elson Longo, diretor do CMDMC, que os pesquisadores relacionassem a quantidade de luz incidida à qualidade do produto. "O que verificamos é que quanto mais luz, melhor o desempenho do produto e conseqüente degradação do triptofano. Ou seja, o cabelo está mais protegido. Este aminoácido, de um total de 22, foi o que melhor respondeu ao método", explica Longo.
Ao contrário de muitas outras pesquisas do Centro, esta não será vendida a empresas do ramo. A previsão é de que no começo do próximo ano, o CMDMC já funcione como um prestador de serviços a empresas de cosméticos, que poderão dispor de uma metodologia que identifica três graus de proteção de raios ultravioletas emitidos pelo sol ótimo, regular e ruim. A capacidade de testagem será de quatro a cinco produtos por dia. "As pessoas poderão ter no rótulo o grau de proteção daquele produto que estão comprando, se vai funcionar bem ou não, já que o fator de proteção é um diferencial na hora da compra. O que vamos fazer é atestar se o produto é eficaz e ou se não causa efei to colateral", afirma.
Interesse
Algumas empresas de grande representatividade no setor já se interessaram pelo método, mas preferem não se identificar, diz o coordenador, que por questões éticas também não revela o nome e a qualidade dos produtos analisados. Contudo, Longo diz que foram analisados produtos de marcas de preços diversificados. A pesquisa, que contou com a parceria da empresa de cosméticos, foi conduzida por Adriano Pinheiro, do Centro, e Valéria Longo, da Ufscar. O CMDMC, que reúne pesquisadores do IQ e da Ufscar, é um dos Centros de Pesquisa, Ino vação e Difusão (Cepids) criados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A premiação do grupo durante o 21º Congresso Brasileiro de Cosmetologia foi R$ 2 mil e a oportunidade de participar de eventos internacionais.