Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) estão desenvolvendo uma tecnologia capaz de processar materiais com lasers de pulsos ultracurtos e, a partir dela, viabilizar a produção e a utilização de circuitos microfluídicos com aplicações de grande interesse para o Brasil. Entre as possibilidades, uma promete revolucionar a instrumentação analítica na medicina: é o lab-on-a-chip (LOC), dispositivo que integra uma ou várias funções de laboratórios em um único chip.
Operacionalmente, o LOC caracteriza-se pelo manuseio de volumes de fluido extremamente baixos para menos de picolitros (10-15 de litros). Os fluidos são transportados e manipulados através de microcanais (circuitos microfluídicos), possibilitando a integração de processos químicos e bioquímicos em microssistemas de análises automatizados, simplificando e agilizando diagnósticos médicos, além de auxiliar no estudo de processos celulares complexos.
O que vai possibilitar essa e outras aplicações é justamente a capacidade de microusinagem a ser desenvolvida no âmbito do projeto Temático Multiusuário Microusinagem com laser de pulsos ultracurtos aplicada na produção e controle de circuitos optofluídicos, coordenado pelo pesquisador Wagner de Rossi, do Centro de Lasers e Aplicações (CLA/IPEN).
De acordo com Wagner, foi aprovado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) o custo de aproximadamente R$ 2,8 milhões, além de recursos orçamentários do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do CNPq e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) .
Parte dos recursos será destinada à aquisição de uma Estação de trabalho para microusinagem com laser de femtossegundos e de um Sistema Microfluídico Completo, dois equipamentos multiusuários, isto é, disponíveis para pesquisadores de outras instituições estaduais que atuem nesse campo, além do próprio IPEN.
O projeto visa, primeiro, desenvolver a capacidade de microusinagem, isto é, de produzir estruturas da ordem de microns em qualquer tipo de material. Isso já demanda uma pesquisa. Após o processo desenvolvido, vamos construir circuitos microfluídicos, integrar componentes ópticos a eles, e vamos aplicá-los, explica Wagner.
Segundo ele, a ideia é produzir circuitos opto-microfluídicos dedicados à produção de ensaios imunológicos, à produção de radiofármacos, começando pelo 18FDG (2-flúor-2-deoxi-D-glicose), e diversos outros. Portanto, é um projeto completo, que vai desde a pesquisa básica fundamental até os aplicativos, acrescenta.
Fonte : Ascom IPEN