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Pesquisa do IAC é apresentada em Paris

Publicado em 08 novembro 2006

A excelência dos estudos feitos pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) cada vez mais se mostra no mundo. Desta vez, o resultado de uma pesquisa destinada à extração de óleo linalol, usado na indústria de perfumes, que desdeesta quarta-feira é apresentada no Palace de La Bource - Bolsa de Ações de Paris, como exemplo de empreendimento bem sucedido no Brasil. O trabalho é apresentado na Conferência do TBLI (Triple Bottom Line Investing Conference) - Europe 2006, até esta sexta-feira.
A Conferência é um fórum que reúne investidores do mundo todo interessados em apoiar negócios caracterizados pelas três bases: econômica, social e ambiental.
"É uma área de inovação que sai das tradicionais do circuito cana-de-açúcar, algodão e citrus, as principais do Estado de São Paulo e que já são referência do IAC no mundo. E mostra a ação que tem que ter uma instituição de pesquisa, com projetos em diversas áreas. Esta mesma do linalol extraído do manjericão poderia ser motivo de piada há pouco tempo atrás, já que é uma substância usada para a produção de um dos perfumes mais famosos do mundo, o Channel" , explica Orlando Melo de Castro, diretor-geral do IAC.
Para ele, isso significa espírito de vanguarda dos pesquisadores e da instituição. "E agora já estamos em fase de produção industrial, mas ainda é muito cedo para ter idéia de valores, já que isso vai criar volumes. A tendência é crescer, pois se mostrou viável economicamente. E precisaremos ampliar a área cultivável para atender a indústria".
O IAC agora está também numa fase de fazer melhoramento genético para extrair mais óleo do manjericão. "Isso será feito buscando variedades de manjericão com mais produtividade de folhas e concentração de óleo."
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa do IAC resultou na implantação da empresa Linax, em Votuporanga (São Paulo)e o projeto IAC/Linax é o único representante do Brasil nesta conferência de negócios.
De acordo com o pesquisados do IAC responsável pelo estudo, Nilson Borlina Maia, a expectativa é encontrar no evento investidores interessado pelo trabalho. Ele explica que dos investimentos obtidos, uma parte é direcionada para a Linax e outra vai para a pesquisa no IAC, com vistas ao desenvolvimento de novas variedades e análise das plantas. "Essa pesquisa é um bom exemplo do trabalho prático que o IAC faz. Os estudos tiveram início em 2000, em laboratório, e em 2006 já geram arrecadação de impostos para o Estado e projeção internacional" , ressalta.
O trabalho foi escolhido para representar o Brasil pelo WRI (World Resources Institute), como exemplo de empreendimento bem sucedido após a Linax ter sido vencedora no New Ventures - Brasil, um fórum de investidores e empresários organizados pela Instituição Americana em conjunto com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas e ABN Anro Banco Real, no final de 2004.
E o WRI levou para o TBLI quatro empresas do mundo, dentre elas a Linax.
Além do aspecto econômico, o projeto também tem como base o caráter social, que se deve ao envolvimento de pequenos agricultores que cultivam manjericão e o ambiental, que está ligado à proposta de extinção do método predatório de árvores para a extração do óleo.

Resultados
A pesquisa coordenada por Maia com o óleo linalol natural, usado em perfumes finos, de maneira ambientalmente correta, por meio do cultivo do manjericão, resulta num extrato das folhas da planta, já aprovado pelas indústrias consumidoras. Esse método substitui a fonte tradicional do linalol, que destrói árvores de pau-rosa na Amazônia e coloca essa espécie em risco.
Segundo o pesquisador do IAC, empresas internacionais que usam o linalol do pau-rosa já aprovaram a qualidade dessa substância extraída a partir do projeto IAC/Linax, abrindo novas possibilidades de negociação.
Até o momento a produção da Linax está destinada ao Canadá, que comprou a primeira remessa do produto e continua adquirindo, e a pequenas empresas brasileiras.
"A produção de linalol compatível com a indústria de perfumes está associada à adoção de variedade adequada e ao correto uso de métodos de cultivo da planta e extração do óleo."