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Pesquisa desenvolvida na UFSCar aponta potenciais farmacológicos para proteína extraída do veneno de serpente (1 notícias)

Publicado em 01 de outubro de 2013

Pesquisa realizada no Laboratório de Zoofisiologia e Bioquímica Comparativa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estuda os efeitos da proteína Alternagina-C (ALT-C), extraída do veneno da serpente brasileira urutu (Bothrops alternatus), na contratilidade cardíaca de peixe e mamífero. O estudo é realizado pela pós-doutoranda Diana Amaral Monteiro, sob supervisão do docente Francisco Tadeu Rantin e colaboração das professoras Heloisa Sobreiro Selistre de Araújo e Ana Lúcia Kalinin, todos do Departamento de Ciências Fisiológicas (DCF) da Universidade e conta com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).A proteína ALT-C foi isolada em estudos realizados pela professora Heloísa de Araújo, também com apoio da Fapesp. O processo de isolamento da proteína foi patenteado devido à sua propriedade de promover a angiogênese, ou seja, a formação de vasos sanguíneos.A proteína ALT-C age como sinalizador biológico capaz de induzir a produção do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) envolvidos na angiogênese e regeneração de tecidos.

Estudos in vitro realizados por Diana Monteiro em miocárdio isolado de traíra (Hoplias malabaricus) demonstraram que a aplicação intra-arterial da proteína aumentou a força de contração cardíaca, além de tornar as taxas de contração e relaxamento mais rápidas. “Os estudos anteriores realizados pela professora Heloísa de Araújo verificaram que a proteína tem a capacidade de induzir uma nova vascularização em pele lesada de ratos, melhorando a cicatrização, mas ainda não tinha sido testada no sistema cardiovascular”, explica Monteiro.A pesquisadora salienta que, diante dos resultados positivos apresentados nos estudos, a proteína possui grande potencial farmacológico, pois pode atuar como coadjuvante em terapias pró-angiogênicas para o tratamento de doenças como insuficiência cardíaca, infarto e isquemia crônica do coração. “O entendimento dos efeitos da ALT-C sobre a função cardíaca pode ajudar no desenvolvimento de novos compostos terapêuticos, uma vez que essa molécula pode ser uma candidata potencial ao protótipo de fármaco em terapia relacionada a diversas doenças cardíacas”, avalia a pesquisadora.

O próximo passo da pesquisa é analisar os efeitos da ALT-C no coração de camundongos e investigar os mecanismos envolvidos na melhora do desempenho cardíaco. Serão estudadas quais seriam as possíveis vias de sinalização celular Ca2+-dependentes (cálcio-dependente) envolvidas nesse efeito, as alterações no tecido cardíaco, em especial a formação de novos vasos sanguíneos do coração, e também a expressão do VEGF relacionada à angiogênese. “Esperamos que no futuro, os resultados das pesquisas possam ser aplicados em outros estudos”, analisa o professor Rantin.Legenda: Diana Amaral Monteiro, Francisco Tadeu Rantin, Heloisa Sobreiro Selistre de Araújo e Ana Lúcia Kalinin estudam os efeitos da proteína Alternagina-C nos células do coração.