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Jornal do Brasil online

Pesquisa descobre área no cérebro em que álcool atua

Publicado em 29 junho 2009

SAN DIEGO - Um novo estudo acaba de dar importante contribuição para entender melhor como o álcool altera o funcionamento das células cerebrais, causando a embriaguez.

O trabalho realizado por Paul Slesinger, professor do Laboratório de Peptídeos do Instituto Salk, na Universidade da Califórnia, foi publicado pela revista Nature Neuroscience.

Pesquisadores descobriram uma área específica para a ação do álcool localizada dentro de proteínas de canais iônicos. A compreensão de como o álcool atua no cérebro pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos para problemas como alcoolismo, uso de drogas ou epilepsia, apontam os autores do estudo.

Sabe-se que o álcool altera a comunicação entre neurônios.

- Há muito interesse em descobrir como o álcool atua no cérebro. Uma das diversas hipóteses é que o álcool funciona ao interagir diretamente com proteínas de canais iônicos, mas não havia estudos que identificassem o local dessa associação - disse Slesinger.

A nova pesquisa demonstra que o álcool interage diretamente com um local específico localizado dentro de um canal iônico, que tem papel fundamental em diversas funções cerebrais associadas com eventos epiléticos e com o abuso de álcool e drogas.

Os canais, chamados de canais Girk, são abertos durante períodos de comunicação química entre neurônios e amortecem o sinal entre eles, criando o equivalente a um curto-circuito.

Quando os Girks se abrem em resposta à ativação neurotransmissora, íons de potássio são liberados pelo neurônio, diminuindo a atividade neuronal. O estudo é o primeiro a identificar que o álcool estimula os canais Girk diretamente, e não por meio do resultado de outras alterações moleculares nas células.

- Se pudermos encontrar uma droga que se encaixe no ponto específico de atuação do álcool e ative os canais Girk, talvez possamos diminuir a excitabilidade neuronal no cérebro, o que resultaria em uma nova estratégia para o tratamento da epilepsia - disse o pesquisador.

Com informações da Agência Fapesp