Na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o doutorando Douglas Galan produziu o documentário Cyber-Roça que trata do assunto em profundidade. Com duração de 1h36min, a produção retrata atividades ligadas a hortas urbanas comunitárias espalhadas pela cidade de São Paulo. O trabalho resultou na tese Cyber roças: registros e realizações audiovisuais sobre agricultura urbana em contextos geográficos metropolitanos, midiáticos e tecnológicos, defendida em 2020 no programa Meios e Processos Audiovisuais da ECA, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"De uma certa forma, a tese e o documentário são uma homenagem às minhas raízes e, de forma geral, às raízes do povo brasileiro, que deve muito ao campo em relação a sua formação e à cultura"
O documentário traz o depoimento de lideranças de várias hortas, algumas instaladas em bairros das regiões centrais – Horta do Ciclista, na Paulista; Horta das Corujas, na Vila Mariana; Horta das Nascentes, na Pompeia – e outras de iniciativas periféricas da cidade – as da Zonas Leste e Sul, por exemplo, essas últimas gerando grande impacto positivo para a comunidade do entorno. Onde elas foram instaladas, houve melhora de qualidade de vida, trouxeram renda e os praticantes da agricultura urbana se sentiram mais estimulados no combate às violências estruturais.
O documentário tratou ainda de questões que envolvem a produção de alimentos, a ampliação do espaço físico de cultivo através de meios eletrônicos e digitais, a reconstituição das noções sobre espaço geográfico, e as reorganizações culturais e sociais vinculadas ao contexto da agricultura urbana, dentre outras questões.
Douglas explica ao Jornal da USP que um dos motivos que o levou a seguir esse tema em seu doutorado foi o fato de se surpreender com a pujança das iniciativas que aconteciam nas cidades e perceber os inúmeros benefícios que essas atividades proporcionavam às pessoas envolvidas. Do ponto de vista pessoal, a motivação veio por ter tido um passado rural. Durante a infância e adolescência, morava em um sítio em Jales, interior de São Paulo. Os pais e os avós trabalharam e viveram em sítios durante boa parte da vida, nem sempre nas melhores condições, já que eram meeiros em terras de outras pessoas. “De uma certa forma, a tese e o documentário são uma homenagem às minhas raízes e, de forma geral, às raízes do povo brasileiro, que deve muito ao campo em relação à sua formação e cultura”, diz.
Assista ao documentário: