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Jornal da Tarde

Pesquisa cria tinta sem cheiro (1 notícias)

Publicado em 02 de janeiro de 2006

Projeto da Poli-USP melhora o sistema de produção de matérias-primas, tornando as tintas 10 vezes menos tóxicas

O Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP está empenhado há sete anos num projeto de melhora da qualidade dos polímeros, resina plástica usada na fabricação de tintas. O projeto foi desenvolvido por encomenda de uma multinacional, que destinou R$ 135 mil para financiar os trabalhos. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo financiou mais R$ 650 mil.
Os polímeros são formados por uma reação em cadeia, provocada por meio de substâncias químicas, em que pequenas moléculas (os monômeros) tornam-se macromoléculas (os polímeros). Nesse processo sempre sobra um pouco de monômeros entre as grandes moléculas, todos carregados de gás carbono. 'Por serem voláteis, produzem cheiro e são responsáveis pela toxicidade', explica o professor Reinaldo Giudici, engenheiro químico e coordenador do projeto.
A tecnologia disponível até agora para reduzir os efeitos tóxicos das tintas geram efluentes que não podem ser lançados no ambiente, por serem altamente poluentes. A contenção e tratamento encarece muito o processo, segundo o pesquisador. 'O mais comum é borbulhar um gás ou vapor de água no polímero em emulsão, para que os monômeros se volatizem e saiam para fora do produto.'
A tecnologia desenvolvida pela equipe da Poli prolonga e intensifica a reação química de polimerização, de modo que mais monômeros reajam e sejam transformados em polímeros. 'Já conseguimos atingir uma concentração de monômeros de apenas 100 partes por milhão (ppm)', conta.
Segundo o professor, esses valores são 10 vezes menores do que o normal. 'Os processos mais eficientes no mercado hoje não conseguem concentrações menores do que 1.000 ppm', explica. Além de reduzir cheiro e toxidade, o processo de fabricação irá gerar efluentes em menor quantidade e menos tóxicos também.
No mesmo projeto, o pesquisador da Poli/USP está desenvolvendo um outro polímero, também menos tóxico e com menos cheiro, para tintas de impressão.