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Pesquisa conclui que poluição aumenta riscos cardíacos (44 notícias)

Publicado em 26 de abril de 2024

Uma pesquisa recente evidencia os impactos da poluição atmosférica na saúde cardiovascular dos residentes de São Paulo. Conduzido por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) com o suporte da FAPESP, o estudo, publicado na revista Environmental Research, destaca uma correlação direta entre a exposição prolongada à poluição e o aumento dos riscos cardíacos, especialmente para aqueles que sofrem de hipertensão.

Analisando autópsias de 238 indivíduos e dados epidemiológicos, os pesquisadores identificaram uma associação entre a presença de carbono negro nos pulmões e a fibrose cardíaca, um indicador de doenças do coração. Entrevistas com familiares das vítimas também contribuíram para entender fatores de risco, como histórico de tabagismo e hipertensão.

Os resultados revelaram que a exposição prolongada à poluição está diretamente ligada ao aumento da probabilidade de desenvolver fibrose cardíaca, sendo esse risco ampliado para aqueles com hipertensão.

“Esse dado ressalta o papel crucial da autópsia na investigação dos efeitos do ambiente urbano e dos hábitos pessoais na determinação de doenças”, afirma um dos autores da pesquisa, o patologista e professor da USP Paulo Saldiva, em entrevista a Emilio Sant’Anna.

Aumento Tanto fumantes quanto não fumantes apresentaram aumento do marcador de doenças cardíacas em decorrência da exposição à poluição. Entre os não hipertensos, os tabagistas foram os mais afetados.

Considerando que a hipertensão é uma condição muitas vezes assintomática, os dados apontam para uma preocupação crescente, especialmente considerando o aumento na taxa de mortalidade relacionada à doença. Embora a poluição nem sempre seja visível, sua influência na saúde é significativa. A exposição varia dentro da cidade, dependendo dos hábitos e locomoção das pessoas.

“Podemos dizer que existem dois indicadores de poluição, um medido pela rede da Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo], que é objetivo. E outro relacionado a quanto cada indivíduo é exposto a ela”, afirma. “Ou seja, o nível de concentração de poluição ambiental não significa a mesma dose recebida por todos. Se você está em um corredor de tráfego por horas, recebe uma dose maior porque a concentração daquele ambiente é particularmente mais elevada.”

Fibrose cardíaca Saldiva explica que diversos fatores, como a própria hipertensão, influenciam no desenvolvimento da fibrose cardíaca e que, agora, fica provado que a poluição é um deles. “A pergunta era ‘a poluição tem tamanho suficiente para aparecer nessa foto?’ Ela tem e foi a primeira vez que foi demonstrado no mundo em humanos. Essa é a diferença do trabalho”, pontua.

Segundo o médico, o estudo só foi possível graças ao trabalho realizado pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) na cidade, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Ele afirma que o apoio da Faculdade de Medicina da USP e da FAPESP, em convênios estabelecidos no passado com o SVO, construiu um vasto conjunto de processos e informações que resultam hoje em novas possibilidades científicas.

A pesquisa da USP fornece evidências sobre os impactos da poluição do ar na saúde cardiovascular e destaca a necessidade de medidas eficazes para reduzir a exposição da população a esse mal. A implementação de medidas como a redução das emissões de veículos, o incentivo ao transporte público sustentável na cidade e o incentivo de fontes de energia limpa são estratégias eficazes na mitigação dos impactos da poluição atmosférica na saúde pública.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar