A falta de recursos e de apoio governamental, além da burocracia, são as principais dificuldades encontradas pelos cientistas brasileiros ao estudar os fitomedicamentos, segundo o professor Elisaldo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo.
Carlini é especialista no estudo de fítomedicamentos e um dos pioneiros no Brasil nessa área. Ele coordenava uma pesquisa de fítomedicamentos no grupo indígena Krahô, na região do cerrado, desde 1998, e teve seu trabalho suspenso temporariamente. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto já havia catalogado 164 espécies do cerrado, sendo 138 com potencial influência sobre o sistema nervoso central.
Segundo o professor, o programa foi interrompido por causa de problemas internos da organização indígena e também pela Medida Provisória 1286-16, editada em agosto de 2001, que regulamenta o acesso a qualquer recurso genético extraído no território brasileiro. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente afirma não haver nenhum pedido desse projeto no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, órgão responsável pela análise de pesquisas que envolvam o acesso aos componentes genéticos e coleta de materiais brasileiros.
NOVO PROJETO
Segundo o professor, está sendo desenvolvido um novo trabalho baseado em conhecimentos já existentes na literatura.
Esse projeto também receberá metade do financiamento da Fapesp, e a outra metade será dividida por dois laboratórios nacionais, cujos os nomes não puderam ser revelados.
O investimento será de cerca de R$ 5 milhões. Segundo Carlini, esse valor é 100 vezes inferior ao que é normalmente aplicado no desenvolvimento de um novo medicamento. "Um fitomedicamento custa bem menos porque seus estudos são baseados no conhecimento popular", diz o professor Carlini.
Fabiana Pio
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DCI