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Pesquisa com macaco abre caminho para vacina contra a esquistossomose (38 notícias)

Publicado em 27 de outubro de 2021

A esquistossomose é um grave problema de saúde pública no Brasil. No entanto, o único medicamento usado no tratamento foi descoberto há mais de 40 anos.

Uma pesquisa publicada nesta terça-feira, 26, na revista Nature Communications mostra um caminho para o desenvolvimento de novas terapias inclusive de uma vacina contra essa parasitose.

O trabalho, que recebeu apoio da Fapesp, identificou nove genes da via de autofagia do parasita inibidos pela defesa imune do primata, impedindo que o Schistosoma se multiplique e contamine o hospedeiro. A autofagia é um processo que dá origem à degradação de componentes da própria célula utilizando organelas conhecidas como lisossomos e desempenha função no crescimento celular, diferenciação e homeostase.

O professor da USP e cientista do Butantan, Sergio Verjovski-Almeida, coordenador do estudo, Verjovski-Almeida fez o acompanhamento dos macacos entre a cura e o chamado segundo desafio, realizado 42 semanas após a primeira infecção, a experiencia mostrou a resistência dos primatas à reinfecção, eliminando de forma mais rápida o Schistosoma mansoni.

“Localizamos mais de cem genes afetados, porém, de vias diferentes. Não quer dizer que não sejam importantes, mas, quando se encontra nove dos dez genes da mesma via sendo atingidos, é possível dizer que há uma evidência muito grande de que esse caminho pode ser a chave para a vacina”, diz, Sergio Verjovski-Almeida,

A via de autofagia, executada por meio dos lisossomos que fazem a ‘limpeza’ das células, é afetada no parasita pelos anticorpos do macaco. Essa via é importante para a fisiologia basal do Schistosoma mansoni e não havia sido demonstrado seu envolvimento na autocura. Pelo contrário, foi pouco estudada até agora”, diz Murilo Sena Amaral, pesquisador do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan e primeiro autor do artigo, em entrevista à Agência Fapesp.

Em humanos, a esquistossomose tem cura quando o diagnóstico é feito na fase inicial da doença, eliminando o parasita do organismo e evitando o surgimento de complicações, como o aumento do fígado e do baço, além de anemia. No entanto, a pessoa não adquire imunidade como o macaco rhesus, podendo ser infectada novamente.

Foto: Acervo Murilo Sena Amaral