Uma pesquisa, que vem sendo realizada peio Instituto de Criminalística (IC), vai ajudar a polícia a identificar a rota das principais quadrilhas de tráfico de drogas que agem no Estado.
"Faz dois anos que estudamos o grau de pureza dos entorpecentes apreendidos. Como cada quadrilha costuma ter uma fórmula própria para misturar a droga com outras substâncias químicas, conseguimos identificar diversas quadrilhas e a área onde elas atuam", revela Oswaldo Negrini Neto, diretor dos laboratórios do IC
"Em casos como o da maconha", garante Negrini, "é possível localizar até a região onde a g foi plantada."
Para desenvolver o projeto que desvenda a composição dos entorpecentes, o IC adquiriu 10 novos cromatográficos (que identificam a presença e a quantidade de droga contida em qualquer material).
"O aparelho é importado do Canadá e custa em média US$ 60 mil", conta Negrini. Segundo ele, quatro cromatógrafos permanecerão no laboratório central do IC (sendo que um deles está calibrado para identificar a composição química de explosivos), enquanto os seis restantes vão equipar as delegacias que mais enfrentam problemas com o tráfico na Grande São Paulo.
"As máquinas mais modernas tornaram nosso trabalho mais ágil. Com elas, somos capazes de verificar no ato se uma substância contém elementos entorpecentes, o que facilita a prisão em flagrante. O grau de pureza de uma droga, por sua vez, é obtido em menos de 25 minutos", destaca Celso Perioli, coordenador da superintendência da Polícia Técnico-Científica.
Com os aparelhos antigos do IC, o estudo dos elementos que compõem a droga chegava a durar até duas horas.
Parte das pesquisas também são realizadas no Ipen (Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear), órgão conveniado ao IC, que conta ainda com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo).
Segundo o diretor Negrini, o IC analisa cerca de 1 tonelada de amostras de drogas apreendidas por mês. "Os produtos que mais chegam ainda são a maconha, o crack e a cocaína, embora o ecstasy já represente 3% das apreensões."
O estudo de pureza realizado pelo IC também revelou que 83% do entorpecente que chega ao viciado é adulterado. "No caso da cocaína, por exemplo, chegamos a encontrar amostras com menos de 10% de cocaína pura. Os traficantes fazem isso para manter o preço da droga acessível, pois o quilo da cocaína é cotado junto com o quilo do ouro. A maconha, é normalmente misturada com adubo orgânico, mas para disfarçar o forte cheiro da erva", conta o diretor dos laboratórios do IC.
A porcentagem mais comum das amostras de cocaína examinadas pela toxicologia do instituto contém a seguinte fórmula: 50% de cocaína. 35% de lidocaina (anestésico conhecido popular-mente como xilocaina) e 15% de cafeína (estimulante). "A lidocaina e a cafeína equilibram o efeito da cocaína. O problema é quando encontramos elementos nocivos à saúde, sais insolúveis que não são digeridos e provocam lesões no organismo", ressalta Negrini.
Notícia
Jornal da Tarde