Cerca de 14 mil pessoas no mundo se infectam diariamente com o vírus HIV, causador da Aids. No Brasil, existem aproximadamente 600 mil pessoas contaminadas, segundo o Centro de Referência de São Paulo.
Preocupados com esse quadro, pesquisadores brasileiros dos principais centros de pesquisa do País já caminham para o desenvolvimento de vacinas anti-HIV específicas para a situação da população brasileira.
A Rede de Diversidade Genética Viral (RDGV) formada por 25 laboratórios das principais universidades do Estado de São Paulo já começou a identificar a diversidade genética do vírus HIV na região.
Outro grupo formado por cerca de 40 pesquisadores do Centro de Referência de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro integra uma rede internacional de pesquisa HIV Vaccine TrialsNetwork (HVTN), e irá testar no País neste segundo semestre uma vacina do laboratório norte-americano Merck & Dohme.
"Esses dois grupos fazem parte de duas redes distintas de pesquisa, mas têm um objetivo comum: obter informações da população brasileira. Esses dados poderão ser úteis para o desenvolvimento de uma vacina voltada às características da população brasileira", diz o professor da Universidade de São Paulo Paulo Zanotto, um dos coordenadores da RDGV.
A RDGV terá duração de mais três anos, irá pesquisar cerca de 1,5 mil pacientes infectados com HIV no estado de São Paulo. O financiamento total é de US$ 8 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Instituições como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Mogi das Cruzes fazem parte da rede.
Segundo Zanotto, estão sendo estudados 150 pacientes de São Paulo e 150 pacientes de Ribeirão Preto. De acordo com o pesquisador, o objetivo é levantar grande quantidade de dados clínicos e compará-los com os moleculares. "Na Europa e Estados Unidos o vírus HIV é do subtipo B. Já no Brasil os subtipos predominantes são F, C e D. Por isso, a importância de desenvolver uma vacina voltada às características nacionais", diz o pesquisador Zanotto.
Já o Centro de Referência —DST/AIDS e a Universidade Federal do Rio de Janeiro fazem parte da Rede de Pesquisas de Vacinas anti-HIV. Esse projeto é financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e os Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA.
Segundo Artur Kalichmann, diretor do Centro de Referência (CRT), estão sendo acompanhados 200 homens e 200 mulheres das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para a análise de todas as fases da pesquisa clínicas de vacinas anti-HIV, desde a avaliação de segurança (fase 1) e da capacidade de estimular respostas imunológicas de produtos candidatos a vacinas (fase 2) até o teste da eficácia de cada um desses produtos (fase 3).
"Iremos testar a vacina da Merck Sharp & Dome no segundo semestre deste ano. Para isso, já estamos nos preparando para realizar a fase 3, que consiste em verificar se ela funciona ou não nos pacientes contaminados", diz Kalichmann.
Essa rede de pesquisas tem sede em Seattle-Washington, e reúne no momento mais de 25 unidades de pesquisa em quatro continentes. Participam também da pesquisa, além do Brasil, países como Haiti, Porto Rico, Peru, China, Índia e Japão.
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DCI