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Jornal de Piracicaba online

Pesquisa avalia periodontite em fumantes e diabéticos

Publicado em 22 outubro 2006

Pesquisadores da FOP (Faculdade de Odontologia de Piracicaba) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram uma pesquisa mostrando que a doença periodontal (a princípio uma gengivite que pode evoluir para formas mais sérias que prejudicam a formação óssea) atinge de formas similares tanto fumantes quando diabéticos. "Vem do senso comum que esses dois tipos de pacientes são mais propensos a esse tipo de mal. A novidade é que nossa pesquisa destacou que os problemas acontecem de forma bem parecida", conta o professor do departamento de prótese e periodontia Francisco Humberto Nociti Junior, que orientou o trabalho do aluno Bruno Braga Benatti.

Para o estudo, que teve duração de dois anos e meio, Nociti e Benatti dividiram os pacientes em quatro grupos: fumantes com a doença periodontal, diabéticos também já afetados, pacientes apenas com periodontite e, por fim, outros que estavam sistêmica e periodontalmente sadios. Foram realizadas biópsias gengivais e a ação de genes relacionados ao processo inflamatório das gengivas foi analisada por meio de uma técnica conhecida como "polimerase chain reaction" (PCRq). "Notamos que as moléculas importantes nesse processo atuam de forma bastante semelhante nos pacientes fumantes e diabéticos", destaca Benatti.

A vantagem nos consultórios, segundo Nociti, é estabelecer formas de prevenção à gengivite e outras doenças periodontais mais graves para serem usadas com os dois grupos de risco. "Com isso, tendo ficado claro que a doença atua de forma praticamente igual, se torna mais fácil estabelecer formas de prevenir. Claro que para o fumante o ideal é mandá-lo parar de fumar, mas nem sempre se consegue isso, até porque perder o dente é um entre as centenas de perigos ao qual ele se expõe", afirma

PLACA — Segundo os profissionais, as periodontites têm como principal agente causador a formação das placas bacterianas. "Para este aparecimento, o fumo e diabete são agentes potencializadores", define Nociti. A melhor forma de prevenção, diz, é mesmo a profilaxia e a escovação correta. O dentista, porém, destaca que o fator motivacional ainda é importante. "A pessoa geralmente se empenha mais logo ao voltar para o consultório dentário, depois a tendência é relaxar. Por isso, quando a gente fala que é necessário visitar o dentista a cada seis meses não significa só que estamos apenas querendo ganhar mais", afirma.

Para Benatti, que está se especializando em periodontia, essa área da odontologia vem crescendo cada vez mais. "O que acontece é que hoje em dia diminuiu muito aquela mentalidade de extrair o dente ao primeiro problema. A extração agora acontece em último caso". Por isso, garantem eles, medo de dentista é algo que vem diminuindo. "Hoje nós estamos mais esclarecidos quanto ao que vai ser feito. O dentista também está mais bem formado e os consultórios já não têm mais aquele jeito que assusta, como era antes. Hoje as anestesias agem de forma mais eficiente, tornando a dor mais rara", diz Nociti.

A boa fase da profissão de maneira geral encontra eco no próprio conceito que a FOP tem no mercado, de acordo com o professor. "Do ponto de vista científico, nossa faculdade é a que mais produz ciência, a que mais tem trabalhos científicos publicados na América Latina", garante.

A pesquisa deles, aliás, teve destaque no 23º Congresso da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, realizado no mês passado em Atibaia. O trabalho, que teve apoio da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do CNPq (Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico), vai representar o Brasil na Internacional Association for Dental Research (IADR), em março de 2007, em Nova Orleans, nos Estados Unidos. (Ronaldo Victoria)