Notícia

Embrapa

Pesquisa avalia emissão de gás carbônico em queimadas na Amazônia

Publicado em 21 setembro 2011

Qualo impacto das queimadas na atmosfera, na regeneração da floresta e no solo daAmazônia?  Para responder estasperguntas, pesquisadores de diversas instituições acompanham, na terça-feira(27), uma queimada controlada em quatro hectares de floresta, no campoexperimental da Embrapa Acre (Rio Branco, AC). A atividade faz parte do projetode pesquisa “Combustão da Biomassa em Florestas Tropicais”, executado desde2008 no Acre e em Mato Grosso, com o objetivo de definir indicadores sobre oimpacto do fogo no ambiente.

Osdados finais da pesquisa permitirão quantificar, entre outros aspectos, osteores de carbono equivalente emitidos durante a queima e avaliar como osnutrientes do solo reagem às altas temperaturas, bem como os níveis departículas no ar que podem causar danos ao sistema respiratório humano. Segundoo pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa, as estimativas atuais de emissãode gases de efeito estufa usam fatores de grande variação, indicados peloPainel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e que precisam seraferidos em todas as partes do mundo. “É preciso reduzir as incertezas nosfatores de emissão provenientes das diferentes regiões da Amazônia e consideraras características locais. Os resultados do projeto serão de grande importânciana elaboração e estruturação de políticas públicas voltadas para o tema”,afirma.

Umaqueimada semelhante, realizada em Cruzeiro do Sul em setembro de 2010, apontouque foram emitidos cerca de 305 toneladas de gás carbônico  para a atmosfera. “O que significa que metadedo estoque de carbono armazenado em um hectare de floresta se transforma, com aqueima, em gases de efeito estufa. O teste em Rio Branco servirá para refinarmos ainda mais esses índices, e dessaforma, poderemos obter uma média que possa ser utilizada para calcular asemissões do estado”, declara o professor da Unesp, João Andrade deCarvalho Junior, coordenador do projeto.

 

Antes, durante e pós-queima

Oestudo é realizado em diversas fases e inclui uma série de  avaliações antes, durante e depois da queima.Diversos equipamentos instalados em uma torre de 15 metros de altura, naárea de pesquisa, ajudam na coleta de informações. Dois meses antes da queima,foi realizado o inventário florestal, para identificação e medicão das árvorese a coleta de amostras de solos. A etapa seguinte foi o corte da floresta. “Osresultados das análises serão comparados e servirão para  aferir a quantidade de carbono, nutrientes emicroorganismos permanecem no solo após a queima.  Além disso, será  avaliado o que acontece com a qualidade do ardurante a queima”, diz Costa.

Ospesquisadores também vão acompanhar a dinâmica de regeneração  natural da vegetação e dos nutrientes dosolo, nos próximos anos. “Teremos uma área de estudo para um longo período,onde poderemos obter dados sobre como o fogo e as altas temperaturasinfluenciam o crescimento e mortalidade das espécies”, declara o pesquisador daEmbrapa Acre, Marcus Vinicio Neves d’Oliveira, que acompanha, há 20 anos, odesenvolvimento de uma floresta manejada para produção de madeira.

Segundoa equipe do projeto, o local escolhido apresenta o mesmo tipo de solo presenteem mais de 30% da área do Estado. “O Acre tem suas políticas públicas centradasno uso intensivo das áreas já alteradas, e na conservação dos 87% de floresta,a partir do manejo de uso múltiplo e proteção integral desses recursos. Para aimplantação do Sistema Estadual de Incentivos aos Serviços Ambientais, éfundamental saber com precisão o quanto de carbono deixa de ser emitido  mantendo-se a floresta em pé”, afirma EufranAmaral, diretor presidente do Instituto de Mudanças Climáticas do Estado doAcre (IMC), uma das instituições que apóiam o projeto.

Apesquisa conta com a autorização da Justiça Federal e Estadual, dos MinistériosPúblicos Federal e Estadual e as ações obedecem a exigências legaisestabelecidas pelos órgãos de controle ambiental. “O corte da vegetação foiautorizada pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e pela Secretaria deMeio Ambiente do Acre. Além disso, foram tomados todos os cuidados necessáriospara garantir a segurança no entorno das áreas onde acontecem as atividades”,afirma o chefe-geral da Embrapa Acre, Judson Valentim.

Coordenadopela Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Campus deGuaratinguetá), o projeto tem a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Embrapa Acre,Universidade Federal do Acre (Ufac), Universidade de Brasília (UnB),Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Washington entre outrasinstituições. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo (Fapesp), contempla os Estados do Acre e Mato Grosso, com  investimentos de mais de dois milhões dereais.

Mais informações:

Pesquisador Falberni Costa

Embrapa Acre

 Contato:(68) 3212 3282

falberni@cpafac.embrapa.br

Priscila Viudes(MTb 030 /MS)

Contato:(68) 3212 3250

priscila@cpafac.embrapa.br