Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Emílio Ribas identificou quatro fatores que indicam risco de morte em pacientes com febre amarela, a idade avançada, a contagem de neutrófilos elevados (células sanguíneas que fazem parte do sistema imune inato), o aumento da enzima hepática AST e uma maior carga viral.
“Pelo menos metade das pessoas que adquirem a infecção geralmente não apresentam sintomas. Em alguns casos, os sintomas da febre amarela podem perdurar por até quatro dias e variam de acordo com a forma como a doença se apresenta em cada organismo. Nos casos mais graves, eles reaparecem de 6 a 48 horas depois da remissão, podendo ser mais intensos. Até o momento, o tratamento da febre amarela acontece apenas com a identificação de seus sintomas, mas essa nova pesquisa da USP e do Instituto Emílio Ribas podem contribuir para acelerar a identificação da febre amarela”, conta o clínico geral Fernando Carvalho.
O estudo destaca que, de cada 100 pessoas que são picadas por mosquitos infectados com o vírus da febre amarela, 10% desenvolverão sintomas da doença, e 30% podem morrer. “O que mais nos deixava perplexos é que a maioria dos pacientes chegava bem, apenas se queixando de mal-estar, dor pelo corpo e febre, e, dias depois, alguns deles morriam. É uma doença de evolução muito rápida. Era um desafio determinar, na entrada do paciente, qual seria aquele que evoluiria menos e qual seria aquele que teria uma evolução mais favorável. Foi isso que a gente abordou nesse trabalho”, explicou Esper Georges Kallás, professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, em 2019, até 3 de junho, foram registrados 66 casos autóctones de febre amarela silvestre no estado e 12 deles evoluíram para morte. Em 2018, foram confirmados 504 casos autóctones em várias regiões do estado, dos quais 176 resultaram em morte. Também houve 261 epizootias (morte ou adoecimento de primatas não humanos). Entre 11 de janeiro e 10 de maio de 2018, 118 pacientes com suspeita de febre amarela foram internados no Hospital das Clínicas e outros 113 no Emílio Ribas.
Da Reportagem Local