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Pesquisa aponta energia solar como aliada na descontaminação da água

Publicado em 25 março 2021

Inacreditavelmente, o acesso à água potável ainda é algo a ser observado em 2021. Segundo relatório divulgado na última segunda-feira (22/03) e produzido pelo Instituto Trata Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso a esse recurso básico no país - a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que sejam duas bilhões em todo o mundo. Um estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) pode ajudar na redução desses assombrosos dados.

A pesquisa, finalizada neste mês, aponta para a descontaminação da água por meio da energia solar, que destrói microorganismos ao aquecer substâncias que estão em contato com o líquido. O estudo já foi publicado em forma de artigo por quatro vezes em revistas especializadas.

“A fotocatálise é a forma mais eficiente de descontaminação da água. Nós desenvolvemos um método que utiliza nanocompósitos fotocatalíticos baseados em precursores de baixo custo, abundantes nos países da África subsaariana e também no Brasil, e radiação solar, o que proporciona uma solução sustentável para regiões nas quais o abastecimento de energia elétrica estável constitui um problema a mais. Ao interagir com a radiação solar, o material libera espécies reativas de oxigênio, como o oxigênio singleto, que destrói microrganismos e degrada resíduos de antibióticos e efluentes agrícolas”, diz Andréa de Camargo, uma das pesquisadoras, à Agência Fapesp.

Para produzir os chamados nanocompósitos, os professores usaram argila (caulinita), semente de mamão papaia ou casca de banana (como fontes de carbono) e sais de metais (cloreto de cobre ou cloreto de zinco) como precursores. A proporção em peso foi de um para um para dois (1:1:2) para os híbridos dopados com cobre ou zinco individualmente e de um para um para um para dois (1:1:1:2) para os híbridos dopados com cobre e zinco simultaneamente.

“Nanocompósitos formados por caulinita, sementes de papaia, cobre e zinco mostraram-se eficientes para a purificação de água contaminada por Escherichia coli resistente a múltiplas drogas e metais. O material resultante foi empacotado em colunas de vidro previamente esterilizadas. A água contaminada entra por uma extremidade da coluna, atravessa o material em presença da luz solar e sai descontaminada na outra extremidade”, afirma de Camargo, também à Agência Fapesp.

O estudo também foi realizado em parceria com o Laboratório de Espectroscopia de Materiais Funcionais (Lemaf), do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e o African Centre of Excellence for Water and Environmental Research (Acewater), da Nigéria. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) também colaborou, proporcionando visitas de membros da Acewater.