Estudo da Unesp mostra que treinamento de força é mais eficiente do que treinamento aeróbico para controlar a pressão em hipertensosO treinamento de força, realizado com intensidade de carga moderada a vigorosa, dois ou três dias por semana, por pelo menos oito semanas, é uma boa estratégia para diminuir a pressão arterial em indivíduos hipertensos.
É o que constata um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) publicado na revista Scientific Reports no dia 5 de janeiro deste ano. Os efeitos dos exercícios aeróbicos na diminuição da pressão já vinham sendo estudados, mas poucos pesquisadores focavam em como treinamentos de força podem ajudar controlar a hipertensão.
A pesquisa, feita em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), analisou, na primeira fase, 253 participantes com idade média de 59 anos por oito semanas.
“Em média, o treinamento de força foi suficiente para uma redução de 10 mmHg sistólico e 4,79 mmHg diastólico dos pacientes”, conta a coordenadora do estudo, Giovana Rampazzo Teixeira, à Agência Fapesp.
Foi verificado, também, que os efeitos hipotensivos, fenômeno que ocorre quando o valor da pressão arterial sistólica e diastólica de repouso de um indivíduo é reduzido, duravam até 14 semanas após a pausa dos treinamentos. “Diferente dos efeitos promovidos pelo exercício físico aeróbico, que duram muito menos”, apontam os cientistas.
Na segunda fase do estudo, a equipe de São Paulo fez uma revisão sistemática de estudos para determinar qual seria o peso ideal da carga para alcançar os benefícios. De início, foram reunidos 21.132 artigos, mas apenas 54 cumpriam os critérios para análise de texto completo — desses, 14 foram considerados relevantes para a revisão.
O peso com melhores resultados foi acima de 60% da carga usada para uma repetição máxima, a mais intensa suportada pelo indivíduo. Logo, se a carga máxima suportada é de dez quilos, o ideal é treinar com pesos acima dos seis quilos.
Em longo prazo, o treinamento físico promove a diminuição da frequência cardíaca de repouso, e a redução simultânea da pressão arterial e aumento do volume máximo de oxigênio absorvido a cada respiração.
A pesquisa destaca ainda o importante papel do treinamento de força na redução do risco de mortalidade, especialmente para doenças cardiovasculares. Porém, os pesquisadores reconhecem que são necessários outros estudos para entender quais são os mecanismos celulares e moleculares responsáveis pela diminuição nos valores da pressão arterial quando esse tipo de exercício é feito.
“Recentemente, o treinamento de força entrou nas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, mas muito ainda deve ser investigado para que tenhamos evidências mais robustas”, observa a coordenadora.