Notícia

Agência USP de Notícias

Pesquisa analisa a situação dos idosos na Capital paulista

Publicado em 21 maio 2003

Por Valéria Dias
Um estudo detalhado que retrata as condições de saúde e de vida de pessoas com 60 anos ou mais no município de São Paulo foi realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e com o apoio da Fapesp. Foram entrevistados 2143 idosos residentes na Capital que responderam a um questionário com informações sobre as condições de saúde, qualidade de vida, acesso e utilização dos serviços de saúde, redes de apoio, história laboral, antropometria e mobilidade, entre outras. "Esta pesquisa contribui para que dirigentes da área da saúde, definidores de políticas públicas, tomem conhecimento das condições de envelhecimento da população e adotem medidas para que os idosos possam envelhecer com dignidade", conta a professora Maria Lúcia Lebrão, coordenadora do Projeto Sabe (Saúde, bem-estar e envelhecimento). Além do Brasil, seis países da América Latina também estão envolvidos no Projeto da Opas: Argentina, Barbados, Chile, Cuba, México e Uruguai. Os dados da pesquisa da FSP revelam que no município a taxa de analfabetismo entre os idosos (21%) é maior que a verificada em Barbados (0,4%). No grupo com 75 anos ou mais, a taxa sobe para 33%. "Essa população representa uma 'matéria-prima' pobre pois são analfabetos, viveram grande parte da sua infância no campo e quando vieram para a cidade exerceram trabalho braçal e, assim, não têm conhecimento dos recursos de saúde disponíveis nem informações sobre prevenção de doenças", conta Maria Lúcia, alertando que a taxa de analfabetismo em São Paulo foi a pior entre os países participantes do Projeto. Outras informações levantadas mostram que a maioria começou a trabalhar aos 12 anos, 13% vivem sozinhos e 70% não recebem ajuda de ninguém. A pesquisa possibilitará a avaliação dos diferenciais etário, de coorte (características semelhantes em um grupo), de gênero e das condições socioeconômicas. O Projeto Sabe, que também tem a coordenação do professor Ruy Laurenti, da FSP, conta, para a sua análise, com a participação de professoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu e da Escola de Enfermagem (EE/USP). Segundo Maria Lúcia, está previsto o lançamento de um livro, ainda sem data definida, com informações detalhadas sobre o Projeto. Mais informações: (0XX11) 3066-7724 / 7744, com a professora Maria Lúcia Lebrão. E-mail: mllebr@usp.br