Claudio Silveira Amaral, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), acaba de lançar pela Editora Unesp o livro John Ruskin e o ensino de desenho no Brasil. O trabalho já havia sido publicado recentemente pela editora inglesa Edwin Mellen Press sob o título The Influence of John Ruskin on the Teaching of Drawing in Brazil (A Influência de John Ruskin no Ensino de Desenho no Brasil). A obra foi lançada nos EUA e na Europa, simultaneamente.
John Ruskin (1819 – 1900) foi um escritor e poeta britânico mais lembrado por seu trabalho como crítico de arte, crítico social e desenhista. Ele inspirou a criação do movimento Arts & Crafts, que defendia o artesanato criativo como alternativa à mecanização. Assim, ao imprimir em móveis e objetos o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como 'designer', essa corrente fazia frente à produção em massa.
O livro é fruto da tese de doutorado John Ruskin e o desenho no Brasil, defendida pelo professor em 2005. O estudo aborda a influência da teoria de Ruskin no ensino de desenho no Brasil no final do século XIX e início do século XX. Segundo o autor, essa influência pode ser encontrada no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, fundado em 1886.
Naquela época, o ensino de desenho era uma das políticas de industrialização do país, e escolas especializadas ministravam a disciplina aos novos engenheiros e arquitetos da era industrial. Mas foi a chamada arquitetura popular, estilo ensinado pelo Liceu de Artes e Ofícios, que sofreu a influência de John Ruskin.
“Minha hipótese é que os construtores dos hoje chamados Corredores Culturais do Rio de Janeiro foram, em sua maioria, pedreiros que estudaram no Liceu de Artes e Ofícios, pois naquela época a única escola popular para essa formação era aquela”, explica Amaral. “A arquitetura monumental era tratada pela Academia de Belas Artes e a arquitetura popular, pelo Liceu”, esclarece.
O livro destaca que muitas ideias ruskinianas influenciaram o método de ensino do desenho no Liceu, que pretendia transformar a cidade do Rio de Janeiro em uma obra de arte. Em suas publicações, Amaral abre a possibilidade para a revisão das experiências arquitetônicas brasileiras baseadas na concepção da estética ruskiniana, procurando problematizar e rediscutir os alicerces teóricos de nossa sociedade industrial.
Sobre o autor
Claudio Silveira Amaral é arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAAC desde 1995. Entre seus temas de pesquisa, se dedica à pedagogia da arquitetura, à teoria e história da arquitetura e estudos sobre espaços de trabalho. Em 2011, lançou um outro livro: Escritório – O Espaço da Produção Administrativa em São Paulo, publicado pelas editoras Hedra e da Cidade, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Fonte: Unesp