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Pesquisa acadêmica ganha mais investimento (1 notícias)

Publicado em 02 de julho de 2004

Neste ano, as universidades públicas e privadas do País estão ganhando um fôlego extra para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) , órgãos fomentadores do governo federal, devem aportar, juntos, uma cifra de R$ 1,6 bilhão para as instituições capacitarem seus corpo docente e realizarem os projetos de pesquisas. O montante, que é pequeno se comparado aos altos investimentos que os países do primeiro mundo fazem, é cerca de 20% maior que a verba de 2003. Para incrementar ainda mais os investimento em pesquisa e produção de inovação tecnológica para o País, as instituições de ensino superior, até o final deste ano, devem receber das Fundações de Amparo a Pesquisa (Faps) cerca de R$ 1 bilhão, afirma Jorge Bounassar, presidente do Fórum Nacional das Faps. "As agências fomentadoras que mais vão investir nas universidades são a de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco", revela. A participação das Faps no contexto das pesquisas, de acordo com Bounassar é vital, pois, muitas vezes, elas viabilizam a concretização de um programa acadêmico. Por esse motivo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) é uma das agências mais concorridas pelos pesquisadores. Isso também porque seu orçamento é o mais alto das 23 Faps do Brasil. Em 2003, por exemplo, ele foi de cerca R$ 285 milhões. Neste ano, a Fapesp aportou, até maio, um cifra em torno de R$ 132 milhões em pesquisa acadêmica. Apesar de as cifras serem mais altas do que as registradas no ano passado, elas ainda são escassas e não suprem os custos das pesquisas feitas pelas universidades brasileiras. Com pouco dinheiro e sem poder de fogo para iniciar seus projetos, as instituições, seja elas privada ou pública, buscam saídas: o apoio de empresas e, em alguns casos, o investimento de recursos próprios. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Puc-RS) , por exemplo, criou, em 2000, um parque tecnológico para ampliar o potencial de suas pesquisas. Chamada de Tecnopuc, a iniciativa é um parque que reúne grandes empresas - Microsoft , Dell , HP e Motorola - que realizam pesquisas utilizando o corpo acadêmico e alunos da Universidade. "A empresa fica no nosso espaço e dá bolsas para os alunos e professores. Além disso, financia pesquisas também", explica Urbano Zilles, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Puc-RS A instituição gaúcha - que investiu, em 2003, uma cifra de R$ 30 milhões em pesquisa e estima outros R$ 33 milhões para esse ano - gostou tanto do sucesso do projeto que, neste ano, inaugurou um centro de pesquisa em energia solar. "Além disso, estamos concluindo as negociações para construir um centro na área de farmácia", conta Zilles. Localizada no interior do estado paulista, a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) , tem um núcleo de extensão criado especialmente para o desenvolvimento de pesquisas e cooperações com a iniciativa privada. "Funcionamos como uma ponte para integrar pesquisadores e empresas", enfatiza Ana Lúcia Vitale Torkomian, coordenadora do projeto que tem parceiros de peso, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) , a Alcoa e Faber Castell . Criado há mais de dez anos, o programa da Ufscar, que movimentou, em 2003, uma cifra de R$ 31 milhões, estimula a cooperação tecnológica e, também, a criação de novos serviços. "O empresário tem a necessidade de resolver um problema. E nós, a universidade, o pesquisador que pode encontrar a solução", diz Ana Lúcia, cujo pesquisadores acadêmicos trabalham com usinas de cana do interior de São Paulo para aprimorar geneticamente a cana de açúcar brasileira. A Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas) também vai buscar ajuda na iniciativa provada para incrementar suas pesquisas acadêmicas. "Hoje dispomos de um orçamento de R$ 550 mil e no ano que vem de R$ 600 mil. Por isso que o apoio corporativo é necessário para nós", conclui Dulce Maria Pompeo de Camargo, coordenadora geral de pesquisa da instituição. Parceria enriquece as duas frentes A parceria da universidade com a iniciativa privada, de acordo com Márcio Luiz de Andrade, ex-professor de engenharia da Unicamp e consultor do Instituto Uniemp - que trabalha na aproximação de empresas e academia -, hoje é uma das soluções para o problema de verbas para a pesquisa. "A parceria enriquece as duas frentes. A universidade, que forma novos pesquisadores, e as empresas, que desenvolvem novos serviços e tecnologias", diz. Andrade, cuja entidade já aproximou empresas como Embraer, Rhodia e Grupo Suzano de pro-, gramas de pesquisa acadêmica, alerta que a lei de propriedade intelectual (patentes) precisa ser revista para aumentar as parcerias. "As empresas ficam preocupadas em cooperações com as instituições porque, muitas vezes, elas não podem ter o direito de receber pela patente de um projeto bem sucedido", afirma. "Por isso, precisamos discutir bastante esse assunto e chegar a uma conclusão. Já que a pesquisa acadêmica, de certa maneira, é uma das locomotivas que ajudam o país a crescer e ser uma grande potência", conclui.