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Pesquisa abre novo rumo para produção de plástico biodegradável (1 notícias)

Publicado em 18 de junho de 2003

Por Cléia Barros
Pesquisadoras da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (FEA) desenvolveram um plástico comestível feito à base de amaranto, reconhecido como biofilme. O projeto abre um novo rumo na pesquisa de tecnologias de plástico degradável, como as desenvolvidas a partir de mandioca, milho e arroz. O produto tem a finalidade de proteger e conservar alimentos como uva passa, laranja, goiaba, morango. Como pode ser ingerido pelo consumidor, o produto torna-se biodegradável. A idealizadora e pesquisadora da FEA, Delia Rita Tapia Blácido, explica que o amaranto é uma planta encontrada no México e na Guatemala. Dela podem ser aproveitadas as folhas e também as sementes, usadas como cereal. A primeira etapa do projeto, que permitiu a descoberta do biofilme, terminou em março deste ano e, agora, as pesquisadoras Florência Cecília Menegalli, Eliane Colla e Delia Rita Tapia Blácido partem para a segunda etapa do projeto: testar a viabilidade do produto no mercado, com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). No Brasil, o amaranto é pouco conhecido, embora a Embrapa-Planaltina do Distrito Federal - instituição que doou as sementes para a pesquisa da Unicamp - venha tentando adaptar espécies de várias regiões aos solos brasileiros. Segundo Delia, a embalagem aumenta a vida útil do produto na prateleira e também traz benefícios ao consumidor por ser rico em vitaminas. Uma outra sugestão para o uso deste biofilme comestível é para a cobertura, aplicada diretamente na superfície dos alimentos. "Neste caso, o alimento é mergulhado na solução à base de farinha do amaranto, depois disso é retirado e colocado em suportes para a secagem da fruta", relata a pesquisadora. A função é a mesma: a de proteger e garantir durabilidade. Para se chegar ao biofilme, o amaranto passa por diversas etapas de transformação. Delia explica que os grãos são mergulhados em solução alcalina, depois são moídos e peneirados até se extrair a fibra. Logo é realizada a filtragem, e faz-se a neutralização e centrifugação da solução para a obtenção da farinha de amaranto. A farinha é basicamente composta por amido, proteínas e lipídios. Assim, a formulação dos filmes é preparada e submetida a um processo térmico para sua gelatinização. Em geral, o processo é realizado em 45 minutos. Depois é ajustado seu pH e adicionado o plasticizante - produto que aumentará a flexibilidade do filme. "Só a secagem requer um tempo aproximado de oito horas para garantir resistência mecânica e menor solubilidade", relata a pesquisadora..