A qualidade do pescado da região será analisada a partir da próxima semana. Uma pesquisa realizada em cinco cidades da Baixada Santista Santos, São Vicente, Peruíbe, Guarujá e Bertioga — irá avaliar os peixes em várias etapas da cadeia produtiva: no desembarque, no comércio e na indústria. Após os resultados, há a intenção de criar um selo para atestar a qualidade do produto.
A pesquisa é coordenada pelo Instituto de Pesca de Santos, em parceria com o Serviço de Vigilância do Ministério da Agricultura e Pecuária; a Defesa Agro-pecuária, da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento; o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e prefeituras da região.
O trabalho está sendo financiado nela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ligada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Nessa primeira fase, que termina em agosto, apenas São Vicente, Guarujá e Peruíbe irão cooperar com o estudo. Santos e Bertioga mio aderiram ao projeto. Por conta disso, apenas os peixes desembarcados ou manipulados nas indústrias dessas cidades serão avaliados.
Já o pescado comercializado nas feiras e mercados não poderá ser analisado. Isso porque cabe à vigilância municipal realizar a coleta do produto nesses locais.
"A má qualidade do pescado da região é um problema. Mas queremos detectar onde ocorre essa perda da qualidade: no desembarque, no píer, no transporte, nos postos de comercialização, na manipulação, ou se ele já está afetado quando é pescado", explica a diretora técnica do Laboratório de Referencia de Tecnologia do Pescado, Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva.
Segundo Cristiane, a iniciativa faz parte de um projeto de políticas públicas que poderá subsidiar discussões para condutas e alterações na legislação vigente sobre o pescado.
"Nosso objetivo, além da transferência de conhecimento, é confeccionar um manual de procedimentos do produto e gerar uma mudança na forma de trabalho do segmento produtivo. Não queremos que o estudo seja apenas acadêmico".
Conforme a diretora do laboratório, após o diagnóstico dos peixes, poderão ser avaliados os moluscos.
Treinamento
Desde fevereiro, fiscais das vigilâncias estão sendo treinados para fazer a coleta do produto no comércio, na indústria e nos locais de desembarque do pescado.
Ontem, pesquisadores e estagiários estavam sendo capacitados no laboratório do Instituto de Pesca.
Etapas
Para fazer o diagnóstico, serão realizadas quatro análises: microbiológica, para verificação de coliformes fecais e salmonelas; parasitológica, para identificar os parasitas; fisicoquímica, para análise de metais pesados como mercúrio e chumbo; e sensorial, para avaliar a aparência, textura e odor dos peixes."Nessa última, serão vistoriadas as guelras, olhos, pele, danos na estrutura muscular e o grau de firmeza dos peixes", explicou a pesquisadora do instituto Marildes Josefina Lemos Neto enquanto treinava os funcionários.
Notícia
A Tribuna (Santos, SP)