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Personalidades, empresários e executivos do mercado financeiro enviam carta à Arthur Lira contra retrocessos ambientais (9 notícias)

Publicado em 24 de junho de 2021

Nos últimos dois meses, a Câmara dos Deputados parece empenhada em facilitar o estouro da “boiada” – proposto pelo ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, em abril de 2020 -, atendendo a uma agenda antiambiental proposta por parlamentares governistas e apoiadores de Bolsonaro.

Entre os Projetos de Lei que estão sendo analisados e votados “a toque de caixa” por comissões e no plenário estão três, diretamente relacionados ao meio ambiente e aos povos da floresta, em especial os indígenas: o PL 490/2007, que trata das demarcações de terras indígenas, o PL 984/2019, que propõe a construção de uma estrada no Parque Nacional do Iguaçu (e abre precedentes para que o mesmo seja feito em qualquer Unidade de Conservação) e o PL 2633/2020, que trata de regularização fundiária em terras da União, mas, na verdade, regulariza o roubo de terras públicas.

Devido ao impacto negativo que estes três projetos terão sobre a vida dos brasileiros e a reputação do país no mercado internacional – o que já está acontecendo e vai piorar -, um grupo de 173 pessoas, entre personalidades, acadêmicos, empresários e executivos do mercado financeiro, enviou ontem, 23/6, à Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, uma carta solicitando o veto aos três PLs (leia o texto na íntegra, no final deste post), intitulada: Retrocessos Ambientais: um péssimo negócio para o Brasil e para o Desenvolvimento Sustentável

Entre os signatários estão Christiane Torloni (atriz), Fernando Meirelles (cineasta), André D’Elia (documentarista e ativista ambiental), Ilona Szabó (especialista em segurança pública), Caetano Scannavino (ativista ambiental, fundador do Projeto Saúde e Alegria), Mário Haberfeld (diretor e fundador do Onçafari), Giem Guimarães (acionista e conselheiro do Grupo Positivo e diretor executivo do Observatório de Justiça e Conservação), Guilherme Leal (cofundador e copresidente do conselho de administração da Natura), Celso Lafer (professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores e presidente da Fapesp), Henrique Meirelles (secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo e ex-ministro da Fazenda e presidente do Banco Central), Luiz Fernando Furlan (ex-ministro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Walter Schalka (presidente da Suzano), Cândido Bracher (ex-presidente do Itaú), José Olympio da Veiga Pereira (presidente do Credit Suisse) e Nelson Sirotsky (ex-presidente do Grupo RBS e atual membro dos conselhos de administração e de acionistas).

“Calamitosa situação“

Na carta, o grupo declara que “os parlamentares, na sua maioria negando fatos cientificamente comprovados, estão prestes a aprovar projetos de lei que alteram profundamente a legislação ambiental, já sacramentada por vários governos e décadas de discussões, os quais agravarão sensivelmente esta já calamitosa situação”.

Uma das grandes preocupações é a destruição das florestas que acarretam a crise hídrica enfrentada pelo país, com graves consequências para a indústria. Os reservatórios já estão com níveis preocupantes.

O aumento da tarifa de energia elétrica já é uma realidade. Racionamentos e apagões certamente se tornarão uma constante. Eles ainda citam a alta dos preços de produtos e bens de consumo, além de margens de lucro e faturamentos muito menores.

“O empresariado esclarecido está muito conectado com as medidas do Congresso, principalmente porque trabalha internacionalmente e isso prejudica muito nossos negócios”, destacou Giem Guimarães, do Grupo Positivo ao jornal O Estado de SP. “O Lira não está dialogando com a sociedade, mas com a bolha dele”.

Para os signatários, a pandemia de covid-19 deveria ser um momento especialmente dedicado à uma política pró ambiental e não anti, como tem sido a marca registrada deste governo.

Eles ainda destacam que destruir as áreas conservadas e protegidas nos deixará mais expostos a novas doenças. “Será que não aprendemos nada com esta macabra pandemia e mais de meio milhão de brasileiros mortos?”.

Desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2019, o governo de Bolsonaro – e seu fiel escudeiro antiambiental, Ricardo Salles (exonerado ontem) – tem sido alvo de críticas internacionais severas e o país tem sofrido com boicotes comerciais devido ao avanço do desmatamento na Amazônia e de incêndios na floresta, no Pantanal e outros biomas.

Demarcação de terras indígenas

Ontem, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, da Câmara dos Deputados, aprovou por 40 x 21 votos o Projeto de Lei (PL) 490/2007, que altera as regras das demarcações de terras indígenas, tornando-as vulneráveis à exploração predatória como garimpo, atividade madeireira, estradas e hidrelétricas.

O projeto retira do Palácio do Planalto a competência de definir as demarcações e a transfere para o Congresso Nacional, dominado por governistas, entre eles ruralistas. Para definir de maneira muito simplória, é como atribuir aos lobos a proteção do galinheiro.

O texto do relator, deputado Arthur Maia, estabelece leva em conta a tese do marco temporal que considera como terras demarcadas apenas as áreas que, em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, eram habitadas por indígenas ou usadas em atividades produtivas e obrigatórias visando a preservação do meio ambiente, imprescindível para esses povos.

Para entrar em vigor, o PL 490 ainda depende de aprovação no plenário da Câmara e no Senado, mas quem assistiu à sessão de ontem sabe que isso não é difícil de acontecer devido à mentalidade que domina boa parte do Congresso.

Mais de 800 indígenas de 48 povos de todas as regiões do país estão acampados (Acampamento Levante pela Terra – ALT) desde 8 de junho para acompanhar votações na Câmara e no STF. Neste caso, o julgamento de processo de integração de posse que envolve o governo de Santa Cataria e o povo Xokleng, que tem caráter de repercussão geral e também envolve a tese ruralista do marco temporal, por isso, definirá o futuro de todos os territórios indígenas.

“Estrada-parque”

O PL 984/2019 – chamado por ambientalistas de PL da Morte – que pode ser votado a qualquer momento, altera o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, criando a categoria de estrada-parque. Seu autor, o deputado Vermelho (também dono de empreiteira, acima com Bolsonaro) quer “rasgar” o Parque Nacional do Iguaçu com uma estrada batizada de Estrada-Parque Caminho do Colono no Parque Nacional do Iguaçu.

Essa é a última grande reserva da Mata Atlântica do interior do país, onde ficam as Cataratas do Iguaçu, consideradas Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, da Organização das Nações Unidas (ONU), e que hoje estão quase secas.

A Estrada do Colono já existiu e foi fechada nos anos 90 pela Justiça devido ao impacto ambiental e social que causava na região: desmatamento, caça, contrabando, tráfico de armas e drogas, entre outras atividades ilegais. Ela “sumiu do mapa” com a “invasão” da vegetação, mas seus defensores falam em “reabri-la”, emprestando ares de saudosismo a seu projeto destruidor.

Grilagem de terras públicas

O PL 2633/2020, que parlamentares governistas defendem como proposta para regularização fundiária de ocupações em terras da União visa, na verdade, regularizar a situação de quem ocupa terras públicas indevidamente, favorecendo a prática. Por isso, foi batizada por ambientalistas como PL da Grilagem.

Para os signatários da carta à Lira, os danos potenciais desse PL são incontestáveis: trata-se de “outro gravíssimo risco aos negócios brasileiros, pois anistiará usurpadores e desmatadores de milhares de hectares de terras públicas”. E acrescentam que o prejuízo para o empresariado brasileiro já está anunciado: “Mais de 300 mil europeus assinaram um pedido de boicote aos produtos brasileiros caso o PL não seja retirado de pauta”.

A seguir, leia a carta dirigida à Lira, na íntegra:

Retrocessos Ambientais: um péssimo negócio para o Brasil e para o Desenvolvimento Sustentável

Dirigimo-nos, aqui, aos nossos colegas empresários e profissionais liberais de todo porte, sobre um sério agravamento da situação econômica, que está prestes a ser provocado prioritariamente pela classe política brasileira, particularmente protagonizada aqui pelos poderes Legislativo e Executivo.

Estamos vivendo a maior crise hídrica do século. O racionamento de água já é uma realidade em várias regiões. A falta de chuvas está afetando profundamente os níveis dos reservatórios, fazendo com que a tarifa de energia elétrica aumente consideravelmente. Esse aumento será repassado ao seu custo de produção. Seus produtos ficarão mais caros, o que afetará suas margens e seu faturamento.

Além disso, com reservatórios secos, o racionamento de energia e possíveis apagões não podem ser descartados.

Como as florestas são verdadeiras fábricas de água, sua destruição está diretamente ligada à diminuição do regime das chuvas. Nossos parlamentares, na sua maioria negando fatos cientificamente comprovados, estão prestes a aprovar projetos de lei que alteram profundamente a legislação ambiental, já sacramentada por vários governos e décadas de discussões, os quais agravarão sensivelmente esta já calamitosa situação.

Os Projetos de Lei 984/2019, 490/2007 e 2633/2020, entre outros, têm em seu bojo amplas características de retrocesso nesse sentido. Além de provocar enorme insegurança jurídica, pois vão contra decisões transitadas em julgado e a Constituição Federal em seu artigo 225, podem trazer prejuízos irreversíveis às empresas brasileiras e sua imagem perante o mundo.

O PL 984/2019, por exemplo, é um dos maiores retrocessos dos últimos tempos. Ele interfere no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criando a categoria “estrada-parque”. No mundo desenvolvido, “estradas-parque” são instrumentos que favorecem a conservação, para proteger paisagens lineares e biodiversidade. O PL 984, porém, distorce o conceito, pois permite o desmatamento para abertura de estradas em áreas protegidas por lei, como parques nacionais. Estamos falando de sujeitar mais de 2500 unidades de conservação à abertura de estradas, com nossa combalida fiscalização. Isso permitirá a destruição de áreas ambientalmente frágeis, como as florestas do Parque Nacional do Iguaçu, último grande remanescente de Mata Atlântica Estacional do Sul do Brasil.

O PL 2633/2020, conhecido como o “PL da Grilagem”, é outro gravíssimo risco aos negócios brasileiros, pois anistiará usurpadores e desmatadores de milhares de hectares de terras públicas. Aqui o prejuízo para o empresariado brasileiro já está anunciado por nossos clientes mundo afora. Mais de 300 mil europeus assinaram um pedido de boicote aos produtos brasileiros caso o PL não seja retirado de pauta.

O PL 490/2017 produzirá profundas consequências para os brasileiros originais, nossos irmãos indígenas. Ele inviabiliza a demarcação de territórios indígenas e coloca em risco a integridade de territórios já demarcados. Ele abrirá caminho para a descaracterização cultural e ambiental dessas regiões, pois abre possibilidades de mineração em suas terras, algo que certamente trará terríveis consequências de toda ordem a povos isolados e totalmente desassistidos pelo Estado.

A pandemia nos trouxe duros aprendizados, não podemos insistir no erro. O avanço das fronteiras humanas sobre áreas verdes exporá a nossa espécie a novas doenças. A invasão e destruição de áreas verdes até então protegidas colocarão milhares de pessoas em contato com uma infinidade de vírus e outros agentes patogênicos que hoje estão em áreas restritas.

A possibilidade do surgimento de uma nova epidemia, ou mesmo de uma nova pandemia, é muito real. E, se isso acontecer, o Brasil vai voltar a parar. Já sentimos na nossa pele, nas nossas perdas pessoais, e também nos nossos negócios. Será que não aprendemos nada com esta macabra pandemia e mais de meio milhão de brasileiros mortos?

Estamos em 2021, o mercado financeiro e o mundo moderno desejam o desenvolvimento sustentável, seja através de negócios de impacto, investindo em ESG ou respeitando políticas de compliance. Sabemos que todo país carrega consigo uma imagem, que também funciona como uma espécie de marca. As imagens de nossas florestas queimando ou tombando, que circulam pelo planeta, representam um estrago significativo à nossa reputação externa. E isso piora sensivelmente nossas oportunidades no campo do comércio e das relações internacionais.

Nossa atratividade e retenção de mão de obra também sairão prejudicados. Afinal, um executivo e sua família preferirão viver em um lugar com qualidade de vida ou num país cuja marca está relacionada a queimar e “grilar” a Amazônia, além de destruir nossos parques? E o que dizer da insegurança jurídica provocada por legislações absolutamente casuísticas, que mudam a qualquer momento?

Não bastassem os aumentos de custos diretos e indiretos provocados por esses retrocessos legislativos e ambientais, essas iniciativas vão contra as boas práticas do empreendedorismo contemporâneo mundial. Isso nos sujeita, inclusive, a possíveis sanções econômicas de grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a Europa.

Não podemos deixar que projetos de lei irresponsáveis, que mascaram interesses de lobbies regionais, tragam prejuízos para nossas empresas e aos 210 milhões de Brasileiros. Portanto, pedimos aos nossos colegas empresários e profissionais liberais, que exerçam seu direito cívico de manifestação contrária a esses anacronismos que, além de irracionais, são em grande parte imorais e inconstitucionais.

Assinam esta manifestação o seguinte grupo de empresários e intelectuais, preocupados com os caminhos que o Congresso pode tomar:

Adalberto Sanches dos Santos Alex da Riva

Alexandre Bossi

Alexandre Gama

Alexandre Ribeiro da Motta

Alice Ferraz

Ana Carmen Rivaben Longobardi

Ana Clara Rena de Souza

André D’Elia

André Felippe Zanonato

Antonio Augusto Orcesi da Costa Filho

Antônio Moreira Salles

Benjamin Sicsú

Betiza Soares dos Santos

Bobby Bettenson

Bruno Wendling

Caetano Scannavino

Candido Bracher

Carlos Alberto Gnatta Neto

Carlos Augusto Gugelmin

Carlos Werneck

Carmel Croukamp

Carolina Candida de Lima Barros

Cássio Casseb Lima

Celia Pompeia

Celso Lafer

Christiane Torloni

Christianna Teixeira

Christophe Allain

Clara Luz Braga Sant’Anna

Cláudia Campos Baumgratz

Claudio Campello Falcão

Cláudio Carvalho

Daniela Montingelli Villela

Danielle Cunha Fortes

Danielle Ribeiro Giannini

Edgar Gleich

Edgar Safdie

Edrei Augusto Ascencio

Eduardo Marson Ferreira

Eduardo Piva

Elena Landau

Elenice Pereira

Elisabete Arbaitman

Emiliane Gerbasi Ricci

Evelyn Gavioli

Ezra Negrin

Fábia Raquel Ferreira

Fabiana Caricati Boaretto

Fabio Alperowitch

Felipe Anselmo Olinto

Felipe Santos Pereira

Fernando Meirelles

Fernando Perrone

Fernando Pires Martins Cardoso

Fernando Reinach

Firmin António

Flávia Velloso

Franciele Gomes de Souza

Francisca Nacht

Francisco Carlos Mazon

Francisco Lafer Patti

Giem Guimarães

Giuliano Giusti

Guilherme Alvarez de Toledo Padilha

Guilherme Leal

Guiomar Milan Sartori Oricchio

Heloisa Désirée Samaia

Heloísa Garrett

Heloisa Pedra Aparecida do Prado

Henrique Nadolny Hertel

Horácio Piva

Ieda Godoy

Ilona Szabó

Irlau Machado Filho

Isacco Douek

Israel Vainboim

Jaime Antônio de Oliveira Prado

Jair Ribeiro da Silva Neto

James Marins

Jane Maria Fatima de Assis

Jarbas Marques

João César Martins

João Paulo Capobianco

Jorge Frederico Magnus Landmann

José Olympio da Veiga Pereira

Juliane Dias de Rosa

June Locke Arruda

Kathelyn Nunes da Silva Santos

Latif Abrão Junior

Lisa Maria Alvim Pena Canavarros

Lucas Guimarães

Luis Stuhlberger

Luiz Alberto Del Vigna Ferreira

Luiz Antunes Maciel Mussnich

Luiz Fernando Furlan

Marcello Brito

Marcelo Kayath

Marcelo Machado

Márcio Fortes

Marcos Chaves Ladeira

Marcos Peretti Maranhão

Marcus Paiva

Maria Camila Giannella

Maria Gabriela Peretti Gurtensten

Maria Teresa Etrusco Vieira

Mariana Moraes de Barros

Marilia Razuk

Marina Marchezini Lopes

Mario Anseloni

Mário Haberfeld

Marisa Moreira Salles

Marluce Silva

Martin Frankenberg

Mateus Couto Passos

Maurício Ramos

Maurício Rands

Max Lean

Melissa Fernandes Oliveira

Miguel Serediuk Milano

Mikael de Andarahy Faria Castro

Mônica Guimarães

Mônica Lima da Rocha

Morris Safdie

Nancy Ashimine

Neide Helena de Moraes

Nelson Sirotsky

Nilo Biazzetto Neto

Nilton Saraiva

Oswaldo Pereira de Barros

Patricia Kisner Leone

Patricia Verderesi Schindler

Paulo Dalla Nora Macedo

Paulo Proushan

Paulo S. C. Galvão Filho

Pedro Camargo

Pedro Treacher

Pollyana Pugas Dias

Priscila Nagem Cardoso Marques

Rafael Lima

Raquel Machado

Ricardo Assumpção

Roberto Giannetti

Roberto Haberfeld

Roberto Klabin

Roberto Pedote

Roberto Teixeira da Costa

Rodolfo Viana

Rodrigo Leonardo Pereira de Almeida

Rodrigo Meister de Almeida

Roger de Barbosa Ingold

Sergio Augusto Romeiro

Sérgio Haberfeld

Silvia Costa da Costa

Simone Scorsato

Sônia Grosso

Sumeet Singh Dhillon

Tatiana Costa

Teresa Cristina Ralston Bracher

Teriana Gandelim Selbach

Thais Mota Rodrigues

Thaynara Siqueira Baumgartner

Tomas Alvim

Tulio Viaro

Vinicius de Souza Viegas

Vinícius Martins

Virgínia Klenner Peluffo

Vitor Domingos Robbi

Walter Schalka

Wania Gaspar Martins do Prado

Wellington Fonseca de Melo

Wolney Betiol

Yacoff Sarkovas

Fonte: Rede Pró-UC, Estadão