O coordenador de Pesquisa do Agronegócio, José Sidnei Gonçalves, garantiu ontem a permanência do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) na região. A polêmica surgiu a partir do Projeto de Lei 238/99, do Governo do Estado, que coloca à venda diversos terrenos do Executivo, entre eles o do instituto, que está localizado há 20 anos em Guarujá.
Gonçalves participou da solenidade de posse do pesquisador do Instituto de Pesca, Alberto Ferreira de Amorim, no Centro de Pesquisa Pesqueira Marinha, criado há cerca de um ano.
Ele afirmou que o trabalho de pesquisa de pescado realizado pelo Ital não será transferido para Campinas, conforme foi cogitado caso a venda do terreno se concretizasse, mas ponderou que ainda não tem condições de garantir que o imóvel, localizado no Jardim Santa Rosa, no Guarujá, não seja vendido.
A pesquisa tem que ser feita na Baixada Santista para atender a demanda regional. O Ital não será transferido para Campinas, mas existe o problema do prédio. No momento, não tenho como apontar uma saída para isso.
Sucateamento - Além de ser o alvo da polêmica, o Ital sofre ainda um processo de sucateamento, assim como os demais institutos de pesquisa do Estado, segundo apontaram as deputadas estaduais Mariângela Duarte e Maria Lúcia Prandi (PT).
Há um problema de estrutura generalizado e de falta de pessoal. Os salários dos pesquisadores foram reajustados recentemente, mas ainda falta muito para ser feito por eles, salientou Mariângela.
Segundo ela, uma alternativa para a situação dos institutos pode ser a ajuda da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), órgão com verba fixa de 1% do ICMS do Estado e que tem um orçamento anual de R$ 500 milhões.
Mariângela falou ainda do seminário Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo, promovido pelas comissões de Cultura. Ciência e Tecnologia e de Administração Pública da Assembléia Legislativa, com painéis previstos para 14 de outubro e 11 de novembro, em São Paulo, visando debater a situação e a necessidade dos institutos do Estado.
Maria Lúcia Prandi destacou a importância dos institutos para o desenvolvimento econômico e social da região e observou que falta uma política global de manutenção da qualidade dos órgãos, que somam 17 em todo o Estado.
De acordo com o pesquisador doutor do Ital, Antonio Espíndola Filho, o órgão conta com 11 funcionários, dos quais apenas dois são pesquisadores. A sede do instituto fica em Campinas e em Guarujá funciona o setor de tecnologia de pescado.
Se o setor for para lá, vamos perder muito. Principalmente as prefeituras daqui, que poderiam firmar parcerias para a destinação de resíduos de pescado.
Espíndola contou que existe uma proposta do Ital para o aproveitamento de restos de peixe provenientes dos pontos de comercialização da região, que são jogados fora diariamente, sendo que poderiam ser aproveitados pelo Ital para a fabricação de farinha de peixe, útil como fertilizante orgânico e ingrediente de rações animais. Os resíduos, segundo ele, somam mais de 509- do total de pescado capturado.
Entre outros trabalhos importantes do Ital, ele salientou também a produção experimental de uma lingüiça de pescado pasteurizada, feita com 12 espécies da fauna acompanhante do camarão capturado. Tenho condições de dizer que esse tipo de lingüiça tem um futuro promissor.
Notícia
A Tribuna (Santos, SP)