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Periodontite: potencial remédio combate a inflamação na gengiva (5 notícias)

Publicado em 07 de agosto de 2023

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Terra Canaltech iTech News CRID-USP - Center for Research in Inflammatory Diseases

A periodontite, também conhecida como doença periodontal, é um problema bastante comum que afeta a saúde da gengiva, provocado pela formação de placas bacterianas e pela falta de escovação. Para tratar o quadro inflamatório, cientistas brasileiros e estadunidenses podem ter descoberto um novo remédio — que está em fase de testes com roedores.

A solução para a periodontite envolve o uso de uma molécula, a TPPU, que estimula o controle da inflamação da gengiva, enquanto atua no processo de reparação dos tecidos já danificados. No futuro, poderá ser usada de forma complementar com a remoção do tártaro nos dentes, acima e abaixo da gengiva infeccionada.

Publicada na revista British Journal of Pharmacology, a pesquisa que desenvolve um novo medicamento para tratar a inflamação na gengiva é liderada por Henrique Ballassini Abdalla, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP). Além do pesquisador, membros do Forsyth Institute e da University of California (UCL), localizados nos Estados Unidos, contribuem com o estudo inovador.

O problema da periodontite

Antes de seguir, vale reforçar que, de fato, a periodontite é um problema de saúde muito comum. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o quadro afeta cerca de 3,5 bilhões de pessoas no mundo. No Brasil, a inflamação crônica da gengiva é uma das principais causas de perda de dentes em adultos, segundo o último Levantamento Nacional de Saúde Bucal.

Entre os problemas associados à doença periodontal, está a demora na busca por ajuda especializada. Na maioria das vezes, o paciente convive, por anos, com a inflamação, que leva ao sangramento da gengiva. Em casos mais graves, o quadro provoca o amolecimento dos dentes e a perda óssea. Estudos preliminares associam a condição ao risco aumentado para diabetes e Alzheimer.

Como funciona o novo remédio em animais?

No atual estudo para controlar a periodontite, os pesquisadores se concentraram nos efeitos da molécula TPPU em roedores com as gengivas inflamadas. Segundo os autores, o composto inibe a ação da enzima epóxido hidrolase solúvel (EHS). Isso estimula a produção de substâncias anti-inflamatórias, como os metabólitos de ácidos graxos poli-insaturados. Além de conter a inflamação, eles também auxiliam na reparação dos tecidos danificados.

“O conjunto dos dados in vivo e in vitro sugere que a inibição farmacológica da enzima epóxido hidrolase solúvel previne a perda óssea ao reduzir a grande quantidade de mediadores inflamatórios, estimulando os macrófagos [células do sistema imune] a controlar a inflamação”, explica Marcelo Henrique Napimoga, que é também pesquisador da faculdade brasileira e um dos autores do estudo, para a Agência FAPESP.

Novos tratamentos para inflamação na gengiva

Se os estudos com a molécula forem concluídos com sucesso, chegará ao mercado uma solução, até então, inédita para o tratamento da periodontite. Hoje, a maioria dos produtos apenas interrompem o processo inflamatório, mas “não são agentes que vão modular a capacidade do organismo de produzir uma resposta resolutiva do processo inflamatório”, conforme explica Abdalla.

Para o pesquisador, as recentes descobertas devem contribuir para o desenvolvimento de terapias regenerativas. Neste caso, as moléculas poderão ser adicionadas em enxaguantes bucais ou mesmo como medicamentos controlados, que serão aplicados diretamente na gengiva inflamada. Isso porque, além de combater a inflamação, ajudam na restauração.

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