Fiocruz aguarda remessas de ingrediente farmacêutico ativo para produção da Astrazeneca; instituto não sabe data de chegada e quantidade de IFA
O Ministério da Saúde registrou neste domingo (4) uma nova morte de morador de Paulínia em decorrência da Covid-19. Com isso, o município chegou a 254 óbitos pelo novo coronavírus desde o início da pandemia – seis a mais que o apontado pela Administração municipal – segundo o governo federal, que é o responsável pelos números oficiais da doença no Brasil.
O total de internados em razão da Covid-19 no Hospital Municipal de Paulínia “Vereador Antônio Orlando Navarro” voltou a cair nas últimas 24 horas: de 59 para 57. Até as 9h30 deste domingo, de acordo com o boletim epidemiológico diário da Prefeitura, 23 deles ocupavam vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 34 estavam acomodados em leitos clínicos.
Neste domingo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que aguarda remessas de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da Índia para o Brasil, entretanto a fundação ainda espera a confirmação do voo que trará o IFA ao Brasil para divulgar a data e o quantitativo de insumo. De acordo com a Fiocruz, cada remessa de IFA contém insumo, em geral, para a produção de 5 milhões a 6 milhões de doses de vacina.
No dia 1º, a Fiocruz anunciou ter assumido com a AstraZeneca novo compromisso para aquisição de IFA adicional suficiente para a produção de mais 20 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. A Fiocruz informou também que assinou com a farmacêutica contrato para aquisição de IFA adicional para produzir cerca de 50 milhões de doses, que farão parte das entregas do segundo semestre, juntamente com a produção nacional.
“Com o novo compromisso, a Fiocruz poderá então produzir 70 milhões de doses adicionais ao longo do segundo semestre, adicionalmente às doses que serão produzidas com o IFA produzido no Brasil”, informou a fundação.
Segundo o cronograma divulgado anteriormente pela Fiocruz, as remessas estavam previstas para agosto e setembro. O compromisso firmado com a AstraZeneca estabelecia que “as novas remessas de IFA para a produção de 20 milhões de doses têm previsão de serem enviadas ao longo dos meses de agosto e setembro”. Isso garantiria uma “produção contínua no segundo semestre”, eliminando risco de interrupção por falta de insumo, disse a fundação. Os demais lotes, necessários para a produção das 50 milhões de doses restantes, serão enviados nos meses seguintes, de outubro a dezembro.
No total, já foram entregues 65,9 milhões de doses da vacina AstraZeenca ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), incluindo 4 milhões de doses prontas da vacina do Instituto Serum, da Índia. Com o IFA disponível na fundação, estão garantidas entregas semanais até o dia 23 de julho.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, infecta e se replica em células das glândulas salivares. Os resultados da pesquisa foram publicados no Journal of Pathology. As informações são da Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo constatou, por meio de análises de amostras de glândulas salivares, obtidas na autópsia de pacientes que morreram em decorrência de complicações da Covid-19, que os tecidos especializados na produção e secreção de saliva funcionam como “reservatórios” do novo coronavírus.
“É o primeiro relato de vírus respiratório capaz de infectar e se replicar nas glândulas salivares. Até então, acreditava-se que apenas vírus causadores de doenças com prevalência muito alta, como o da herpes, usavam as glândulas salivares como reservatório. Isso pode ajudar a explicar por que o SARS-CoV-2 é tão infeccioso”, disse à Agência Fapesp o primeiro autor do estudo, Bruno Fernandes Matuck, doutorando na Faculdade de Odontologia da USP.
As biópsias foram guiadas por ultrassom em 24 pacientes que morreram em decorrência da covid-19, com idade média de 53 anos, para extração de amostras de tecidos das glândulas parótida, submandibular e menores. O material então foi submetido a análises moleculares para identificação da presença do vírus. De acordo com a pesquisa, os resultados indicaram a presença do vírus em mais de dois terços das amostras.
“Observamos vários vírus aglomerados nas células das glândulas salivares, um indicativo de que estão se replicando em seu interior. Não estavam presentes nessas células passivamente”, disse Matuck. A partir dos resultados do estudo, os pesquisadores pretendem avaliar, agora, se a boca pode ser uma porta de entrada direta do novo coronavírus nos humanos. A íntegra da pesquisa pode ser lida neste link [ https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/path.5679.]