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Diário do Povo

PASSOU DA HORA

Publicado em 17 maio 2003

Por MARIA TERESA COSTA - Agência Anhangüera
O prédio da antiga indústria Lidgerwood Manufacturing Co. Ltda, construído era 1885, e onde funciona atualmente o Museu da Cidade, começa a passar por obras emergenciais para eliminar goteiras e infiltrações que comprometem o acervo e o prédio histórico. As obras incluem também a construção de um gradil nos fundos do museu para proteção do edifício e um ajardinamento com rampa para facilitar o acesso de portadores de deficiência. Essas obras, observa a coordenadora do Museu da Cidade, Adriana Barão, são essenciais para garantir a integridade do prédio que passou por restauro em 1990 e desde então não sofreu manutenção. Durante as obras, o museu vai funcionar. O Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) aprovou as intervenções que serão realizadas, conforme a responsável pela Coordenadoria Setorial do Património Cultural (CSPC) Daisy Ribeiro. Entre as obras está incluída a construção de um espaço nos fundos do edifício, formando uma pequena praça onde a coordenação do Museu da Cidade planeja desenvolver algumas atividades, como por exemplo as aulas de percussão para crianças e adolescentes em situação de rua que acontecem nas tardes das terças e quintas-feiras. Essa edificação de 118 anos, pertence ao Governo do Estado (está com a Companhia Paulista de Obras e Serviços) e está cedida à Prefeitura de Campinas que vem negociando sua aquisição. A proposta municipal é trocar o prédio dividas tributárias que a empresa tem com um município, estabelecendo negociação semelhante a que vem sendo conduzida com a Rede Ferroviária Federal S.A para a aquisição do complexo ferroviário. O prédio que pertenceu a antiga indústria importadora de equipamentos agrícolas e industriais, fica em frente a Estação Ferroviária. A Lidgerwood funcionou em Campinas até 1922, mas uma década depois já começava a enfrentar problemas em decorrência da instabilidade econômica provocados pela febre amarela e pela concorrência de outra empresa, a MacHardy. Em 1928 o prédio passou a pertencer a Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Nessa adaptação do edifício para amplos espaços de armazéns e depósitos, o projeto original descaracterizou-se; foram removidos os andares e a chaminé e fechadas várias aberturas. Nos anos 80, o prédio seria demolido para abrir caminho para o segundo túnel que ligaria o Centro à Vila Industrial. Muitos protestos foram realizados, comandados pela entidade preservacionista Febre Amarela, e o projeto do túnel acabou sendo modificado para poder preservar o edifício. Esse segundo túnel ainda não foi concluído. RETRANCA Com um acervo formado por 3,5 mil peças, resultado da junção de três museus que funcionavam, até 1992 no Bosque dos Jequitibás (os museus Histórico, do Folclore e do índio), o Museu da Cidade até agora não conseguiu implantar em sua totalidade o projeto museológico definido para o lugar. Para que isso aconteça, informa a coordenadora Adriana Barão, começa a ser elaborado um projeto arquitetônico de uso do prédio. Ele será submetido à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na linha de Políticas Públicas, e também serão buscadas outras fontes para obter os recursos necessários.