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Passenses integram pesquisas sobre covid-19 na USP em Ribeirão (1 notícias)

Publicado em 26 de outubro de 2021

PASSOS – Duas pesquisas estão sendo desenvolvidas pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto sobre a covid-19. E, à frente de cada uma delas, estão dois passenses, o professor titular de Farmacologia da Faculdade de Medicina, Fernando de Queiroz Cunha, e a mestranda no curso de Química, Flávia Duarte Maia.

Atualmente, o professor Fernando é coordenador do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), um dos centros de pesquisa, inovação e difusão apoiados pela Fapesp sediado em Ribeirão Preto. Foi também coordenador do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e está trabalhando, desde a primeira semana de março de 2020, quando o Brasil registrou o primeiro caso de covid-19, a fisiopatologia da doença, visando novos tratamentos.

“Precisamos entender os mecanismos envolvidos nas lesões nos pulmões, que reduzem as trocas gasosas, que leva à falta de oxigênio para os demais tecidos. Entendendo estes mecanismos poderemos propor novos tratamentos que os evitem. Já sabemos que as lesões dos pulmões são devidas à reação inflamatória que acomete o tecido pulmonar, o qual fica todo edemaciado e com muito leucócitos que saem do sangue e migram para o tecido, onde contribuem para a formação do pus. O estudo demonstrou que os neutrófilos (um subtipo dos leucócitos) liberam uma armadilha, denominada armadilhas extracelulares dos neutrófilos (NETs), do inglês “neutrophil extracellular traps”, disse.

É como se fosse uma ‘arapuca’ que são liberadas dos neutrófilos que chegaram nos pulmões, informou Cunha. Estas armadinhas causam lesões nas principais células dos pulmões, que são o epitélio e o endotélio pulmonar.

Proteína NSP8

Graduada em 2019, pela Universidade de São Paulo (USP) Ribeirão Preto no curso de Química, a passense Flávia Duarte Maia, de 25 anos, tem realizado desde junho de 2020 pesquisa científica sobre a busca da cura da covid-19. O estudo é da proteína NSP8 do SARS- Cov-2 e como ela interage com a mitocôndria em células humanas e faz parte do Programa de Mestrado na USP também. A jovem trabalha em conjunto com dois laboratórios, o de Toxicologia Mitocondrial Experimental, sob a orientação do professor doutor Daniel Junqueira Dorta, e do Laboratório de Biotecnologia de Proteínas, coorientada pela professora doutora Taísa Magnani Dinamarc.

De acordo com Flávia, no futuro a pesquisa pode ajudar em outro estudo que tente inibir a ação do novo coronavírus na célula. O fato é que existem outras pesquisas em andamento sobre a proteína NSP8, mas não exatamente como a passense vem investigando, que é da interação com as mitocôndrias, as quais possuem funções essenciais nas células, como a produção de energia nas atividades do organismo.

“Assim como a gente tem um material genético, que é nosso DNA, e nele contém as nossas características físicas ou não, os vírus também têm um material genético. No caso do coronavírus, ele é composto de RNA. Esse RNA pode ser dividido em várias partes e cada parte tem uma função. Uma das funções nós chamamos de tradução, em que a célula lê esse código e constrói uma proteína. Então o coronavírus constrói várias proteínas diferentes. Na minha pesquisa, nós pegamos uma dessas proteínas e a estudamos, mais especificamente, como ela interage com uma parte do nosso corpo, que são as mitocôndrias. As mitocôndrias estão presentes em todas as células do nosso corpo e são importantes para obter energia, e para respiração das células. Então a gente quer ver como que uma parte do vírus reage em contato com as mitocôndrias”, explicou Flávia.