Nos últimos dez ou 15 anos, temos presenciado um aumento jamais visto de descobertas e descrições científicas de novas espécies. Enquanto alguns desses achados resultam de profundas investigações de taxonomia e do aumento do uso de técnicas moleculares, os mais surpreendentes são fruto de expedições científicas em regiões pouco exploradas ao redor do mundo, em particular, na Amazônia.
Com tanta coisa para ser descoberta ainda e com a rapidez da destruição de habitats, cientistas precisam trabalhar de maneira mais flexível e com equipes multidisciplinares para conseguir abordar todas as questões relevantes, desde conservação “in loco” até a mais moderna genômica molecular em laboratório. Por esse motivo, parcerias de pesquisa entre instituições internacionais estão se tornando cada vez mais importante, já que aprofundamos nosso entendimento de Biodiversidade e suas ameaças atuais e futuras na Amazônia.
Recentemente, a Universidade de Salford (Inglaterra) assinou duas parcerias muito importantes com instituições brasileiras fundamentais no estudo da Biodiversidade. A primeira, feita coma Universidade Federal do Pará, tem o foco na diversidade de primatas e em filogenética, incluindo descrições de novas espécies na bacia Amazônica. Tal parceria contribuirá comum projeto internacional (NSF-FAPESP) já em andamento, que deve durar cinco anos. A previsão de investimento é de um milhão de dólares, que serão investidos anualmente no estudo da origem da diversidade das espécies na Amazônia. Minha pesquisa tem foco na Biologia Tropical, com especial interesse em primatas nos últimos 20 anos. Estou bastante animado comesse estudo e coma oportunidade de continuá- lo junto comum dos grupos líderes em estudos sobre a Biodiversidade Amazônica.
A segunda parceria foi feita como Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e tem como foco o monitoramento da Biodiversidade. Juntos, INPA e Universidade de Salford esperam padronizar os processos de monitoramento da Biodiversidade para apoiar os esforços de conservação e para melhorar o impacto das Mudanças Climáticas.
Para nós, como uma universidade, ambas parcerias oferecem oportunidades fantásticas aos nossos pesquisadores líderes mas, também, para nossos pós-graduandos que, a partir dessa iniciativa, poderão conduzir pesquisas de campo na Amazônia junto com equipes de cientistas multidisciplinares. Além disso, esperamos oferecer aos pesquisadores brasileiros uma nova abordagem em estudos de Biodiversidade, incluindo descrições de novas espécies, testes de hipóteses taxonômicas,monitoramento de habitats e conservação. Desse trabalho em conjunto, esperamos contribuir com os esforços para preservar e proteger o biota amazônico, que é único.
*Professor da faculdade de Meio Ambiente da Universidade de Salford