A polêmica aproximação entre o governo e o setor empresarial no campo da ciência e tecnologia parece estar saindo do discurso e do papel. Ontem, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e a Itautec-Philco firmaram um contrato de US$ 5 milhões para o desenvolvimento de um programa de parceria tecnológica que deverá resultar no lançamento de novos produtos na área de informática. Esse pretende ser o modelo de gestão que deverá servir de exemplo para os futuros contratos de parceria entre empresas governamentais e privadas nos projetos de desenvolvimento científico e tecnológico do Estado de São Paulo.
O programa, cujos recursos estão destinados somente para este ano, prevê o desenvolvimento de softwares avançados, de computadores com resposta audível usados por bancos e companhias telefônicas, terminais de automação bancária e um CD-ROM Multimídia Geopédia, resultado de um acordo com a Enciclopédia Britânica.
Para isso, a Itautec montou um laboratório dentro do IPT que consumiu um investimento de cerca de US$ 500 mil em equipamentos. Além disso, existem outras centrais e estações de trabalho espalhadas em três laboratórios do IPT.
O contrato de parceria é inovador dentro da experiência de cooperação que os institutos governamentais traziam com o setor privado. "O convênio é flexível, a gestão e as equipes de trabalho são inteiramente mistas, e as operações financeiras são conjuntas", explica o diretor-superintendente do IPT, Milton de Abreu Campanário. Ele explicou que o IPT entrou com um pedido na Secretaria Estadual da Fazenda, solicitando a criação de um segundo caixa, independente do caixa da gestão do Tesouro, para administrar somente esse tipo de contrato. "A idéia é criar um Fundo de Pesquisa que dará autonomia ao IPT para gerenciar os acordos com o setor produtivo. Com isso ganharemos agilidade", disse Campanário.
De acordo com o vice-presidente da Itautec-Philco, Carlos Eduardo Corrêa Fonseca, "o programa de parceria prevê o rateio pela metade da comercialização dos produtos e serviços gerados com o desenvolvimento da tecnologia. O IPT também poderá usar a tecnologia gerada para a fabricação de outros produtos. Os direitos de propriedade industrial serão conjuntos, assim como os benefícios gerados com contratos de transferência de tecnologia para terceiros", explicou. Fonseca diz que a continuidade do programa nos próximos anos dependerá dos resultados dessa experiência com o IPT. Para ele, "o volume de recursos destinados e a dimensão do projeto já são um bom começo".
O secretário estadual de Ciência e Tecnologia. Emerson Kapaz, disse que "o programa será usado como farol para os outros institutos de pesquisa, sendo esse tipo de contrato uma das melhores soluções para o estado enfrentar a crise orçamentária que está afetando mais drasticamente os setores de educação, ciência e tecnologia". Esse modelo poderá alavancar o desenvolvimento econômico.
Estiveram também presentes à cerimônia o presidente do IPT, José Mindlin, e o diretor-presidente da Itaú Investimentos, Olavo Egydio Setúbal.
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Gazeta Mercantil